domingo, 3 de julho de 2011

Conviver de acordo com um contrato

Cinco dias bueeeda fixes.

Seis raparigas em busca de um bronze.

Legen (wait for it)dary.

Nunca tinha acampado e hoje que posso fazer o balanço, digo que foram dos melhores dias que passei. Tem a ver comigo. O acampar. E tudo o que envolveu ajudou a tornar aqueles dias uma recordação inapagável.

Na Universidade da Beira Interior cruzaram-se seis caminhos. Todos eles se conectaram em vários pontos. Três anos passaram e no fim fica uma grande saudade e a vontade ténue de chorar a cada pensamento.

Qual de nós não vai sorrir ao pensar na queda aparatosa da Maria ao tentar resgatar o guarda sol que fugiu? Quem não se irá recordar da Allya a dar gargalhadas, a meditar ou a chamar-me um nome cujo sentido não entendo (constrangedoooor!)? Quem não irá recordar as maças vermelhas na cara da Diana? Ou ainda a sua capacidade de ser preguiçosa sorrateiramente…quem se vai esquecer da Vanessa a conduzir um carro apinhado de coisas? E o grito na Nazaré com assistência?

É por nós, é por nós, é por nós!
Nunca desistir destas férias!
(Maria) Amen.

O nosso roteiro de férias incluiu uma paragem em Santarém (ou Brasil) onde experimentámos as maravilhas do parque aquático. As máquinas fotográficas nunca cessaram. Devo ter tirado mais fotos em cinco dias do que em 21 anos. Só não tive um esgotamento porque os meus maxilares não fazem grandes esforços perante os disparos da objectiva. Em Santarém encaixámo-nos no Peugeot e seguimos para Peniche.

Relembro as condições miseráveis em que Allya Sumaya viajou. Relembro a geleira cor-de-rosa aos meus pés. Relembro as paragens na portagem e o vídeo de segundo dia. Lembro-me das eólicas antes de chegar a Peniche. Lembro-me de ter pensado que não haveria ninguém a quem pudesse contar estas coisas. Sinto o vazio que foi. Visualizo a montagem das tendas. A minha foi a primeira a conquistar o seu espaço e a última dor de cabeça na hora de ir embora. Não posso esquecer a fogueira que fizemos na praia com ajuda masculina e ainda o jogo que me baptizou de constrangedoooora.

Estou a ouvir música e a escrever. Cada vez que vem uma música mais lamechas isso faz-se notar no que escrevo. Eu sei que ainda vou ver estas pessoas da minha vida mais vezes. Mas não serão assim tantas, nem serão nas mesmas condições. Assim de repente penso no casamento da Vanessa.

Ontem tive que despedir-me e não sei muito bem definir a sensação. Sei que mal virei costas com a minha mala de campismo comecei a chorar sem saber quase porquê. Ia para a paragem de autocarros, mas não sei em que pedras pisei para lá chegar.

Quando se diz que os amigos são a melhor coisa do mundo, talvez não se esteja a mentir. Ainda ontem a Raquel me ligou porque não falei com ela nos últimos dias. Telefonou como telefonam as mães para saber dos seus filhos. Foram as minhas amigas que ajudaram a colmatar a ausência de que eu não falo. Elas gostam de mim por opção.

Choro. Sorrio. Penso nas notas miseráveis que tive este ano. Penso nas experiências que superam isso. Penso na minha nova posição de que a vida não são só notas e paradigmas do que é certo ou errado.

A cada dia que passava, a pele de cada uma de nós escurecia e avermelhava. A cada dia que passava as afinidades revelavam-se. Estes foram talvez os três anos mais intensos da minha vida e elas estiveram presentes. Não fui para a universidade para fazer amigos mas foi de certeza o melhor que ela me deu.

Agora é hora de trabalhar.