terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Ser Humano não está de boa saúde

O Ser Humano tem muita dificuldade em admitir posições contrárias às suas. Por vezes vêem nas posições opostas, um sinal de desprezo pelo grupo. Isto acontece porque a tendência aponta para que “o sujeito em vez de seguir o seu próprio caminho, com base na experiência de si mesmo, tenda a seguir o curso proposto ou imposto pelos outros, ou seja, a deixar-se guiar por eles”. O problema que aqui se põe é o de termos pessoas adultas que são autênticos “paus-mandados”. Andam no mundo para agradar ao próximo, para não terem de pensar e seguem o que lhes é sempre mais cómodo. Seguem a corrente. A racionalidade, o pensamento, a tomada de posição, que deveria ser uma constante na vida das pessoas, dá lugar a uma alienação pelo grupo. Esta minha introdução traz consigo um episódio que marcou ligeiramente o meu dia. Esse episódio relaciona-se com a circulação de um abaixo-assinado pelo meu curso. E do que se tratava? Basicamente, era um texto que pretendia assegurar a retirada da professora de Economia no próximo ano lectivo. E porquê? Porque este ano reprovou muita gente. E há que precaver. As razões apontadas no texto eram obviamente condicionadas pelo 7 obtido pelo redactor, na disciplina. Quando se pedia às pessoas para assinarem, ouvia-se: “é contra a professora de economia? Então dá cá!”. Eu não assinei. Houve aquela pressão, houve aqueles olhares que dizem “és mesmo cabra” ou coisa pior. Mas não interessa. Eu não posso escrever o meu nome em baixo de um texto que para mim, muito sinceramente, não corresponde à realidade. Corresponde antes a conveniências. Não se pode confundir professora arrogante com má professora, não se pode confundir uma derrota pessoal com a má correcção de um teste de cruzinhas e não se pode confundir uma má pessoa com uma pessoa que se impõe com alguma racionalidade. Num curso de Ciências da Comunicação, a repressão que deveria ser repudiada, é alimentada. Uma repressão infantil, mas ainda assim uma repressão.