segunda-feira, 31 de maio de 2010

Copa Aleixo

Com o Aleixo fazem-se coisas espectaculares. Com o simples se fazem humor e caricaturas plenas. Caricaturas essas que são fisicamente obsoletas (nalguns dos casos), mas com uma densidade psicológica que nos é com certeza próxima. Quem não tem um Busto, um Renato, um Nelso ou um Bussaco na vida? Todos teremos. Não estão é tão exageradamente detalhados. Gosto do sotaque, do modo de falar, da entoação e do tom de superioridade do Aleixo. Acho muito digno o Bussaco dizer asneiras e tenho-o como uma boa representação de um certo tipo de homem. Gosto dos momentos de pausa. Gosto da representação dos broncos tida pela personagem do Nelso. O Busto vale por ser o esperto que chateia e que ameaça um pouco a liderança do Aleixo. O Renato é um absurdo humorístico. Sem direito a descrição. Basta que abra a boca e humor acontece. Todos eles me fazem rir e sorrir. Gostei particularmente deste porque o Renato elege como destinos de sonho Londres, Barcelona, Berlim e Amesterdão. Cidades que também são da minha eleição. Depois porque o Nelso pensava que a Holanda ficava na Alemanha. Ah, ele chama-se mesmo Nelso, tal como o avô chama ao neto Nelson lá na aldeia. Muito bem feito. Estupidez utilitária. Gosto.

domingo, 30 de maio de 2010

Divagar é bom

Hoje fui ver um treino da selecção. Fui munida com a minha Canon 450D e com uma tshirt amarela que pouco tem a ver com as cores da selecção. Fui de boleia, o que veio mesmo a calhar porque hoje esteve quente. Bastante quente. Hoje foi um daqueles dias em que uma piscina vem ao nosso balãozinho do pensamento. Uma piscina azul e brilhante, mas ainda assim, fria. Continuando. Chegámos, vimos os jogadores algures no meio do relvado, isto porque hoje vieram escolinhas de futebol um pouco de todas as cidades dos arredores da Covilhã...e pronto. Foi basicamente isso. Numa das fotografias que tirei, tenho a leve sensação de que o Cristiano Ronaldo posou para mim. Fazendo zoom, nota-se o seu olhar em direcção da minha lente. E eu até levava os meus óculos de sol. E eu com os meus óculos de sol, não há Gemma Atkinson que chegue para mim. E esta conversa que roça o vulgar para quê? Para dizer que talvez isso tenha sido o ponto alto de me ter deslocado ao complexo desportivo da Covilhã. Não foi! O momento alto foi o gelado que comi. Daqueles dos carrinhos com guarda-chuva. Sol. Guarda o que se quiser. Mas a certa altura ainda pensei que teria de travar uma luta corpo a corpo com uma senhora que não gostou que eu chamasse mal educadas às filhas. As filhas eram duas daquelas típicas pitinhas que são levadas pelas mães a ver os Tokio Hotel e que não são abençoadas por uma geração que as beneficiou. Mudando de assunto.Eu devo dizer que gosto do Simão. É atraente. Como ele, atrai-me o Manzarra e um senhor que costuma chegar de mota à Universidade da Beira Interior. Espero que ele nunca leia isto (deve ter bastante mais que fazer). Este último de que vos falo, é professor. Deverei ter aulas com ele no próximo ano. Dá pelo nome de Canavilhas e esbanja charme à sua passagem. Usa All Star pretas conjugadas com calças de ganga e blaser, usa pele morena todo o ano, tem um sorriso atractivo e além disso é professor. O que já por si só é um cliché de fetiche. Não, não estou propriamente apaixonada. Mas se me chamar para andar de mota, eu aceito. Até porque gosto de andar ao vento e já não o faço desde que a minha KTM 690 foi para a sucata. O Nilton também tem alguma coisa que me agrada. Talvez os óculos. Quando fui escolher os meus, ia com a ideia de que fossem como os dele, mas depois fiquei-me logo por uma das primeiras sugestões. Enfim. Não era sobre isto que queria falar, mas assunto puxa assunto e acabou nisto. Ah, no fim, um rapaz de calções a meio gás(daqueles que nem são calças nem calções - detesto!)disponibilizou-se muito simpaticamente para fazer chegar uma bandeira que levava, aos jogadores. Parece que há ali contactos privilegiados. Para que quero eu uma bandeira autografada? Não sei. Não encontro uma explicação razoável. É que para mim, algum do fundamento dos autógrafos está no facto de posteriormente me poder gabar que estive com a pessoa mítica que assinou. Mas o rapaz ofereceu-se e eu achei uma boa ideia. Levava calções e senti o sol quente a corar as minhas pernas. Foi bom. Escusado é dizer que a minha relação com os estudos está estranha. Vou ter teste e estou só a inventar coisas para fazer. Mas eu sempre fui meia preguiçosa para esse tipo de obrigação e é sempre o que se diz "tu safaste sempre". Modéstia à parte, nem eu sei como me safo tão bem às vezes. Por breves momentos dá-me a sensação de que sou por natureza dotada de inteligência. E capacidade de desenvolver pensamentos. Como agora, era só para dizer que o Ronaldo posou para mim e acabei por falar do professor Canavilhas. Quem quiser conhecer, ele anda pelo Facebook, mas cuidado porque a realidade é sempre diferente daquela que o Facebook mostra.

Não sei fazer parágrafos aqui

Fui aconselhada a fazer parágrafos nos meus textos. Na minha opinião foi um conselho pertinente. Em bom português fazem-se parágrafos para o leitor ter uma pausa e respirar na leitura, também se fazem para fazer um corte entre assuntos diferentes ou ligeiramente diferentes e fica talvez esteticamente melhor. É só vantagens. Já tentei, mas ficam como no último texto. Aproveito para dizer que pretendo meter um contador de visitas aqui, e quem quiser comentar, falar mal, fazer uma declaração de amor ou criticar o meu pessimismo, que faça o favor. Não sou esquisita e sou uma pessoa que gosta de ler e saber o que se pensa. De mim principalmente. Também não há risco de serem feridas susceptibilidades, porque estou anestesiada. Quem achar que tenho futuro na escrita, que me diga. Faz mesmo bem ao ego.

Sentimento errado de posse

Sempre fui um pouco possessiva em relação a certas coisas. Não gosto de emprestar a minha máquina fotográfica, não gosto de usar roupa emprestada ou de emprestar roupa, entre mais uma ou duas coisas que não gosto de partilhar. Tudo coisas materiais. Mas nem todas. Não me importo de emprestar um creme, uma caneta ou uma pen.
Por esses objectos não nutro uma particular relação de posse exclusiva. Mas nem só de materiais se trata. Não gosto de dar coisas de que gostava muito, não gosto de perder coisas de que gostava muito, não gosto de ver essas coisas a serem usadas por outras pessoas. E depois ainda há aquelas pessoas que te estragam o que é teu. Porque sabem que não é delas e então não se preocupam com o estado em que deixam as coisas. É mais ou menos isso.
Mas a minha visão possessiva das coisas não é a correcta. Por um lado, que interesse têm os bens materiais para além do uso prático a que estão destinados? Para nada. Para que serve uma máquina fotográfica para além de tirar fotos? Pode servir para fazer amizades. E eu, a pensar desta forma anti-partilhadora, não farei amigos, nem amigas. Que chatice que é. A começar por aí, estou errada. E a roupa? A roupa é quase toda igual. Se alguém vestir a mina, quem irá notar? Ninguém. A roupa de uma rapariga vulgar vem toda da Bershka ou arredores.
Relativamente aos bens imateriais, são reutilizáveis e tal como na reciclagem, vão parar às mãos de outro alguém qualquer e eu não tenho que me preocupar com isso. Vai ter nova vida. Uma garrafa volta a ser cheia, alguém a bebe e tudo recomeça de novo. É o ciclo da vida. As coisas têm um tempo e um espaço e mudam, renovam-se, podem ganhar novas características. E reciclar dizem que é bom para o ambiente. E agora que reparo, fiz uma analogia para explicar o que se passa com os bens imateriais, referindo-me à pura materialidade dos objectos reciclados. Talvez isto seja um pouco de menosprezo pelo imaterial.

sábado, 29 de maio de 2010

Melhor adormecer de sempre

Na noite passada tive o melhor adormecer de todos os tempos. Depois de uma tentativa falhada de preenchimento das inscrições online à bolsa de estudos, eu e a Maria decidimos fazer cinema. Fizemos pipocas do LIDL (salgadas amanteigadas), fomos para o quarto dela, eliminámos qualquer vestígio de luz e lá metemos o filme a dar. A mim não me interessava propriamente o filme, queria estar acompanhada e não me apetecia estudar a Linguagem dos Média. Também estava interessada nas pipocas. As do LIDL são as minhas preferidas. O filme era o Lua Nova. O segundo. Eu não vi o primeiro, mas também me pareceu que não fosse relevante. A Maria ia explicando o que eu pudesse não perceber. As pipocas ficaram a meio, o filme também. Dei por mim a fechar os olhos. A fechar e a abrir como que por obrigação. Não me parecia nada bem estar a deixar que os olhos fechassem a meio da sessão. Mas aquilo tudo deu-me sono. Grande receita para adormecer. Percebi que o filme era de vampiros, mas essa ideia já a tinha vagamente. Quando acabou o filme a Maria acordou-me e eu muito sonâmbula lá me arrastei até ao meu quarto. Com os olhos meios abertos ou meios fechados (dependendo do ângulo de visão), lavei os dentes e como de costume quase fiz da pasta de dentes uma espuma para a barba. Limpei-me na habitual toalha branca e caí na cama. Eu estava pesada. Não houve oportunidade para reflexões. Foi um regresso ao passado das noites bem dormidas. Amanheceu e eu acordei como uma alface verde. Cheia de vida e com vontade de levantar. Liguei o MSN e estava lá a Raquel. Disse-lhe: “a partir de hoje vou ser feliz”. Não me perguntou porquê, mas aproveito agora para dizer. Vou ser feliz porque adormeci com naturalidade. Dormi bem, não me lembro de ter sonhado e acordei cheia de vontade. Foi por isso. Mas o dia tinha apenas começado.

As imagens são armas que ferem...

ACORDEI. Pensei mais uma vez em tudo. A vida às vezes pode ser um tempo e um lugar difícil de habitar. A Internet pode ser um punhal. Uma imagem fere. Fere muito. Uma imagem vale mais que dez batidas na parede. Ao mesmo tempo, eu pareço andar sempre à procura dessas imagens que me ferem e me deixam em estado de decomposição. Eu sei, a culpa é minha. Quem me manda procurar pelas imagens que eu sei perfeitamente que vão estar lá? E que sei do seu efeito devastador em mim. Às vezes sinto pena de mim. Sempre tão compreensiva ou sempre tão receosa de dizer aquilo que penso com as palavras com que o penso. Tenho pena de mim por ser fraca. Por não encarar os factos como eles são. Sem rodeios, sem versão romântica das coisas. As imagens. Busco por elas e tenho sempre o que procuro. Parece que me habituei ao ritual sadomasoquista de tentar ver as coisas e não me importar com elas. Ao mesmo tempo, ter choques de realidade que me façam seguir em frente. Mas não fazem. Só me minimizam. Só me enfraquecem. Não sei onde isto me levará. Sei que a melhor resposta seria pagar tudo na mesma moeda. Mas eu não funciono por vinganças. Funciono por idealismos cegos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Músicas que marcam...

Eu participo num programa de rádio da universidade. Chama-se Cinemania e entra no ar todas as sextas, às duas horas já passadas. Amanhã será o penúltimo programa. E sou eu que vou comandar as operações por lá. Posso dizer que foi uma boa experiência. Tenho perfeita consciência de que não foi o melhor programa de rádio de todos os tempos, que a minha voz não é propriamente a voz da Ana Galvão ou da Carla Rocha…mas gostei. Às vezes chegou a ser o ponto alto da minha semana. Dancei por lá, engasguei-me com os nomes em inglês, falei de filmes que marcaram já a minha existência, passei a música que costumo ouvir (quase todos os programas contaram com uma música de Lily Allen), falei na rubrica Pó de Arroz e fiz mais algumas coisas que agora não me recordo. Apeteceu-me falar de uma coisa boa hoje. Para não se pensar que aqui apenas mora um cadáver ambulante. Amanhã vou levar uma música especial para dar a conhecer. Fala de uma relação que acabou e tem uma frase que eu fixei logo desde o início “tu sabes que eu não queria bem o fim”. É uma música que gosto de ouvir, que me alivia de certo modo. É uma música que reproduz fielmente o meu estado presente. É a música que vai marcar este momento da minha vida. Sim, porque eu associo as músicas aos momentos. Hoje ouvi uma “Rudebox” e associei-a logo a uma noite passada na piscina e a um portão de saída pelo qual não voltarei a sair. Essa música marcou um bom momento da minha curta vivência. Gostei de a ouvir, apesar de a ouvir sozinha. Só para mim. Pensei no seu significado só para mim. Parei e ouvi. Balancei um pouco o corpo porque a música pede. Mas apesar dos resquícios de solidão e saudade, gostei de a ouvir. Há ainda outra que também me traz boas recordações “She’s the one”, e era mesmo a número um. Era. Robbie Williams predomina.

Barcelona...a luz ao fundo do túnel.

É quase meio-dia. Lá fora nem há sol nem há chuva. Um pouco à semelhança do que acontece comigo. Ultimamente o meu cérebro insiste em exibir uma imagem mental que me está a chatear. E há imagens tão bonitas que ele podia exibir... só que neste momento estão num lugar distante e perdido.
Hoje tenho um teste de Fotografia para fazer. Estou completamente despreocupada. Ou desinteressada, não sei. Mas não costumava ser assim. Costumava estar ansiosa e preocupada com os testes. Agora não sou bem a pessoa que costumava ser. Talvez neste aspecto até seja uma vantagem. Costumava ser empenhada. O meu empenho parece agora não ter motivos.
Estou a ouvir a Rádio da universidade e já é a segunda música seguida que fala de sexo. Uma era do Pedro Abrunhosa e outra da Susana Félix. Não sei exactamente o contexto, mas a palavra faz eco.
Como dizia, estou despreocupada. Parece que não há lugar para esse tipo de coisas que eu pensava serem primárias. O meu sistema digestivo também parece estar mudado. O gosto da comida ficou sem sal e sem açúcar. A comida já não me dá momentos de felicidade. Como por obrigação. Também tenho preguiça de cozinhar e a cantina de Santo António passou a ser um lugar marcado. Todos os lugares parecem estar marcados por um ponto negro. Aqui na Covilhã. Há talvez um que não. Ainda não. Nesse lugar sente-se uma leve brisa, o fresquinho da relva e o quentinho do sol. Lá tenho os meus momentos mais felizes dos últimos tempos. Lá posso ser eu porque ninguém está lá para julgar as minhas atitudes…nem eu própria as julgo. Ali, naquele local, o mundo parece sempre um lugar melhor.
Em Setembro vou ter oportunidade de estar onde nunca estive. É bom em muitos aspectos, mas o principal de todos eles é o facto de eu não ter recordações daquele lugar. Nem boas, nem más. Serei eu a descobrir, sem correr riscos. Vou para Barcelona de ERASMUS. Vou sobretudo tentar acabar com este capítulo desastroso da minha vida. Vou voltar a ser feliz quando usar uma peça de roupa nova. Vou ser feliz quando notar que tenho a pele mais morena. Vou ser feliz na areia da praia. Vou aprender a ser auto-suficiente no que respeita ao ser feliz. Vou voltar a valorizar os meus princípios. Vou voltar ao egocentrismo que nunca devia ter deixado para trás. Tenho vinte anos e depois de tudo isto terminar, e segundo a esperança média de vida, tenho ainda uns bons anos para encontrar um lugar para mim. Um porto seguro que me saiba acolher e amar. Que não tenha medo de o fazer, nem vergonha de o mostrar. A vida está para ser vivida, assim como uma caneta está para escrever. Com essa caneta, muito vai ainda ser escrito.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Racionalidade irracional

Hoje é um daqueles dias em que sei que escrever me fará bem. Não acho que tenha algo de muito interessante para dizer, mas é uma necessidade. A minha capacidade de resistência tem vindo a ser testada. A minha racionalidade também. A pouca racionalidade que me resta. Porque o que nos distingue dos animais não é a racionalidade. Essa, quando é testada no seu limite deixa de ter lugar para dar esse lugar à emoção. O Homem não é de longe muito diferente do animal. Isso nota-se em muitas coisas. Nas reacções a quente e por instinto, na sexualidade... são essas duas coisas que me ocorrem por agora. E já englobam muitas situações possíveis. Na minha opinião, é nas emoções que nos distinguimos deles. Nas verdadeiras emoções. No sentir. No sofrer. No amar. Na saudade. É nos afectos mais profundos que nós Seres Humanos ou pessoas somos diferentes dos nossos amigos de quatro patas. Quatro patas em geral. Emoções essas que paradoxalmente nos levam muitas vezes à tal irracionalidade dos animais. A complexidade das emoções apaixona e leva ao amor, mas corrompe, transforma, destrói. Quem se meter nessa rede e for pescado tem a minha solidariedade. Mas tem também a minha admiração. Não serão todas as pessoas que já sentiram a força de uma verdadeira e arrebatadora emoção. Talvez o texto não seja pleno na clareza. Isso é só uma parte do espelho que decora a minha mente. Estou triste. Estou apenas e só triste. A emoção que agora se adequa ao meu estado não tem nome. Afinal é muito mais do que tristeza. Manifesta-se na falta de vontade de dormir, estudar, mexer-me desta cadeira desconfortável e de fazer tudo o resto a que me obrigarei a fazer. Dia após dia. Mês após mês. Ano após ano. Até ao fim da minha passagem pelo mundo. Espero nunca mais voltar a amar, para nunca mais voltar ao ponto onde me encontro. Esse ponto não é o final. É um ponto dos três que formam umas reticências duvidosas.

domingo, 23 de maio de 2010

Casinha de bonecas demolida...

Em Outubro a minha vida começou a desmoronar como se de uma casa mal construída se tratasse. Apesar de alguns percalços e choques de realidade, a minha infância foi feliz. Tinha e tenho dois irmãos quase da mesma idade que eu, um pai, uma mãe, uma casa e sobretudo um lar. Porque casas há muitas, lares é que não se encontram em qualquer casa. Na minha infância havia risos e sorrisos. Havia birras, havia “batatada” entre irmãos, havia casinhas de bonecas na creche. E como eu gostava dessas casinhas de bonecas. Dentro delas eu imaginava a minha vida perfeita de adulta. Cresci e agora só me apetece voltar para aquelas casinhas de bonecas e viver na perfeição do imaginário. A minha infância está povoada de boas recordações. Os Domingos passados à beira do rio Côa, com a grande família reunida. Avó, tios, tias, primos e primas. Água, brincadeiras, diversão e comer com a toalha posta no chão. Grandes melões e melancias. Fins de tarde com sabor a pouco. Cheiro na pele da água do rio. Dias agitados que ficarão para sempre guardados. Os anos passaram e as reuniões foram ficando distantes até se apagarem por completo. A família foi perdendo alguma daquela união. Em Outubro tudo isso culminou num triste episódio. Escusadamente triste. A partir daí, senti que as coisas tinham mudado. Pessoas importantes na minha vida, deixaram de marcar presença nela. Uma dessas pessoas, o meu tio; deixou de ir todos os Sábados lá a casa, como era costume. Deixou de levar o seu atípico humor. A sua ausência faz-se sentir. É difícil conjugar numa pessoa o humor, a honestidade, a sinceridade frontal e a generosidade. Esse meu tio é muito especial, embora não o seja declaradamente. A par dele a minha tia que é uma pessoa tipicamente amável. Os meses foram passando e o Natal chegou. O Natal chegou mas o espírito natalício não me assaltou. Nem sequer me intimou. Foi um Natal sem cor, sem aquele quentinho habitual. E o Natal tem que ser quentinho e aconchegante porque era nesses Natais que eu era feliz. Mais meses se passaram e mais tijolos cederam. A minha casa deixou de ser a minha casa. A casa onde eu aprendi a andar, onde caí, onde aprendi as primeiras palavras, onde eu dormi tantas noites e onde repousavam todos os meus haveres…tudo isso deixou de existir na sua essência. Os meus pais separaram-se. A tudo isto seguiu-se uma profunda reflexão e muita dor. Uma dor que nem no pior cenário alguma vez por mim imaginado a respeito de uma situação assim. Posso dizer que passaram quase dois meses, desde que todas as mudanças ocorreram e não há uma noite em que não seja visitada pelas famosas gotas salgadas. Apesar de todos os apesares é tudo muito sufocante. No meio de tudo isto, sofro pelo sofrimento e solidão do meu pai, pela magreza e olhar sempre triste da minha mãe e sofro cada vez que regresso àquele local sem vida que um dia foi o meu lar. O resto do mundo pouca importância tem no meio de tudo isto. Para acabar com tudo o que pensava restar, o amor da minha vida parece ter deixado de o ser. Fiquei entregue a mim mesma e à minha capacidade de resistir. Resistir aos lugares onde antes fui feliz e agora me fazem choramingar de saudade ou melancolia. Resistir ao descontrolo do coração e até da própria respiração. Resistir à vontade de desistir da felicidade. Como consigo levantar todos os dias? Às vezes não sei. Outras vezes levanto-me para não pensar tanto nas coisas. Há outras vezes em que me levanto porque tenho calor na cama. Em pouco mais de meio ano aquilo que era deixou de ser. Só um restou o mesmo de sempre: O Rafa, o meu anti-depressivo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Não sei que título dar a isto

Hoje é dia 21 de Maio de 2010. São 02:11 no relógio do meu computador. Eu estava mentalizada de que iria adiantar bem um trabalho de fotografia e enganei-me. Não adiantei nada e agora sinto que o cérebro já não consegue funcionar lá muito bem. Metáfora! A isto chama-se metáfora ontológica. E onde está a metáfora? O cérebro não é uma máquina que funciona ou deixa de funcionar. Não avaria, nem está enferrujado como também se diz. Como descrever as actividades ou estados do cérebro? Não sei muito bem. E é essa a grande particularidade de certo tipo de metáforas, não se entendem como tal por estarem já assimiladas inconscientemente no dia-a-dia. Ah, e isto pode não ter sido algo dito ao acaso. Eu queria era ensinar-vos coisas para dar a ideia de que sou inteligente. E sou! Pois bem, trabalho de Fotografia fica para amanhã. Enquanto andava a ler sobre coisas de quem sabe, encontrei a frase “estou sempre a fotografar tudo mentalmente, para praticar” de Minor White e identifiquei-me com ela. É que dou muitas vezes por mim a fazer recortes de imagens que aparecem no meu campo visual. E penso: “se a máquina estivesse aqui pronta a disparar, era capaz de sair algo de jeito”. E eu que não acho que a minha vocação mais refinada seja a de ser fotógrafa. Tenho uma máquina e às vezes carrego no botãozinho. Outra que me pareceu interessante e que vai constar na minha frase de abertura do trabalho é uma frase de Nietzsche “Sentir que uma coisa é bela significa: senti-la necessariamente de uma forma errada.” Não sei descodificar isto, mas parece-me bastante profundo. Hoje esteve calor. Parece que o Rock in rio vai começar. Parece que em Setembro a minha vida começa mais cedo. Estou a perder qualidades. Será que algum dia vou escrever para milhões de pessoas? Se sim, tenho que combater esta falta de substância. Bem, o dia 21 de Maio de 2010 já dura há duas horas e trinta e dois minutos e eu vou mas é ver se os sonhos me visitam hoje. Visitar e ficar na memória, Se valerem a pena. Boa noite. =)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Doar um rim, sim. Doar sangue, não.

Hoje foi um dia de emoções. Além de faltar a uma aula e ter teste de Retórica, fui tentar dar sangue. Na universidade onde estudo, que por sinal é a da Beira Interior, estavam a fazer colheitas de sangue. Embalada pelo grupo, lá fui eu. Também não posso deixar de admitir que, mais do querer ajudar aquelas pessoas que se encontram necessitadas desse líquido vital, tinha alguma curiosidade de saber como funcionam essas coisas. E o cartão de dador parece que traz algumas vantagens. Por curiosidade fui ver. Uma delas é que, caso venhamos a precisar de sangue um dia, estamos já no topo da lista. É justo. Ao que me foi dado a ler, a pessoa fica isenta do pagamento de taxas moderadoras nos hospitais e nos centros de saúde e podemos visitar familiares e amigos no hospital, mesmo não sendo hora de visita. Parece-me bem. Para além de tudo isso e quase sem se aperceber, o dador faz umas análises breves que o poupam a uma ida ao Hospital. Para mim, esta é a melhor de todas as regalias. Mas bem, quando fui desconhecia todo esse tipo de vantagens e por isso não poderei ser acusada de estar a agir por interesse. Correu tudo muito bem, fiz os testes e tudo apontava para um final feliz. Nem tudo por uma simples razão. Eu não confio em mim, quando o assunto diz respeito a agulhas a entrarem-me por um qualquer vaso sanguíneo. Na última experiência do género que tive, desmaiei e até achei uma experiência inovadora algo curiosa. Desmaiar é como adormecer em câmara rápida. Os sons vão baixando o volume, as imagens vão-se desfocando até desaparecerem…mas tudo em segundos. E hoje eu forneci todos os dados que me foram pedidos. Ninguém me perguntou qual era a meu grau de intimidade com agulhas e eu achei que era algo que não interessasse acrescentar. Pelos vistos não era bem assim. Instalei-me lá na cadeirinha-cama toda confortável, apoiei o braço esquerdo no apoio colocado para o efeito e lá fui bebendo qualquer coisa. Estava nervosa e ansiosa. Limparam-me a zona sacrificada do braço, borrifaram com um spray um líquido de carácter duvidoso e passado algum tempo, o golpe final. Mal senti aquilo, veio-me uma sensação que não sei descrever. Devo ter feito má cara e a enfermeira ameaçou tirar aquilo. Eu disse que não. Para não tirar. Eu estava mentalizada de que passados os momentos iniciais, tudo se desencadearia com normalidade. Ela não acedeu à minha vontade de querer continuar e armou logo ali a confusão. Tirou-me a dita agulha, e o saquinho com o pouco sangue que saiu do meu rio sanguinário. Cadeira toda para baixo, um enfermeiro a espreitar as minhas pernas e pronto. A espreitar enquanto segurava a cadeira inclinada e porque eu estava de calções. Foi esse o resultado. Fui aconselhada a ficar em casa para a próxima e a não ir ocupar o tempo e o lugar de alguém que quisesse dar sangue a sério. Ao litro. Tão cedo não voltarei a tentar repetir a experiência. Não me sinto capaz. Se for para dar um rim, eu vou. Sangue é que está mais complicado de se arranjar.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

McDonald, bicicleta e cinema...os ingredientes da minha felicidade

Parece que cada vez escrevo com mais regularidade. Escrever no meu caso ocupa o lugar de muitas outras coisas que ultimamente não tenho feito. Uma delas é ir ao McDonald. Já não me lembro quando foi a última vez que fui a um. E não ir ao McDonald, no meu caso, é algo de profundamente tristonho. Porquê? Gosto do que por lá se come. Desde o men(ú!) bacon ao Sunday de caramelo e amêndoas. Nada de bolachas crocantes, nozes ou pintarolas. Amêndoas é que é. Não ir lá deixa-me quase deprimida. Sinto saudades do cheiro do sítio. Eu podia arrancar um dia e matar saudades (as saudades não se matam e cá está mais uma vez a metáfora) …podia, mas não era a mesma coisa. Como dizem os da Zon fibra. Não era a mesma coisa porque teria de ir a pé e fica longe como o raio e porque não deve haver coisa mais deprimente do que estar num McDonald a comer sozinha. As mesas são muito juntinhas e provavelmente iria afundar-me nalguma conversa alheia ou ia simplesmente lamentar o facto de estar ali sozinha. Outra das coisas que já não faço há algum tempo, é andar de bicicleta. Isso então é que já não há memória que estique. E eu gosto muito de andar de bicicleta. Estou até a pensar comprar uma nos próximos tempos. Mas desta vez é mesmo. Gosto daquela sensação que se tem quando se anda numa, que é sentir o calor numa subida para depois se ser recompensado com a brisa da descida. Acho que só preciso de uma bicicleta para ser feliz. Depois disso, já tenho um meio de transporte para ir ao McDonald. Ir ao cinema também é uma das coisas que não tenho feito. Ir sozinha é quase pior do que comer sozinha num local público que não seja a cantina de Santo António. As minhas amigas e colegas não são muito dadas a esse tipo de gastos extra, e as que são, têm os namorados para partilharem saídas como essas. É triste. Quando voltar a experienciar uma dessas três coisas de novo, vou fazer um relato detalhado aqui. A vaca que ri, vai sorrir de felicidade. Hehe.

domingo, 16 de maio de 2010

Gotas salgadas

É noite e estou mais uma vez deitada na cama em frente ao computador e a ouvir B Fachada. Desta vez a música tem um nome curioso. “Mimi”. Posso dizer que estou um pouco sensível à letra. Muito sensível. Ainda não a ouvi uma única vez sem a fazer acompanhar de umas boas gotas salgadas. Mas enfim, tudo tem uma explicação. Tudo se relaciona com aquela já conhecida peça da minha vida. Ela foi-se de vez mas não levou todos os seus pertences. Deixou contas para pagar e ainda não me veio a bolsa. Metáforas, mais uma vez, metáforas. As metáforas são boas porque podemos falar das coisas de que não falaríamos se tivéssemos que lhe atribuir os termos mais concretos. Há palavras que nos pesam. Há pessoas que tornam certas palavras impróprias para consumo. A palavra amor é uma delas. Se eu dissesse apenas que estou a tentar superar a perda do amor da minha vida, que interesse teria isso? Nenhum. No mundo inteiro, todos os dias, devem haver pessoas a lamentar perdas irreparáveis como a minha. Ou pior. Pessoas morrem todos os dias. Pessoas desaparecem. Divórcios acontecem e pelos vistos, cada vez mais. Que me torna diferente dessas pessoas? Eu chamo peça ao meu ex-namorado e elas provavelmente chamarão ex-namorado. Ou o ca…ão-que-já-tem-outra. Ou tratam por José. Ou por outro nome qualquer. Mas eu não. Eu gosto de tentar camuflar as coisas para que elas não pareçam tão vulgares. Porque para mim não é uma coisa banal. Posso dizer que perdi muita da minha alegria, posso dizer que perdi o meu melhor ouvinte. Posso dizer que agora que acabou, tenho a perfeita noção do quanto costumava ser feliz. Mas tudo isto é passado e um dia serei feliz outra vez. Era bom que esse dia fosse já amanhã, mas não será. Como disse, há contas para pagar. Eu tenho as contas da saudade, da companhia, do desejo, do carinho, dos momentos que me fizeram crescer e do amor para pagar. Essas contas têm juros acumulados de cinco anos que entretanto passaram. Para que conste, o nome dele costumava ser Peu.

sábado, 15 de maio de 2010

Os amigos dos meus amigos, meus amigos são? Não!


Como será escrever à tarde? Deve ser igual mas com o sol a marcar presença lá fora. Eu vejo esse sol pela janela. Ainda não saí à rua, mas parece que a Primavera hoje veio fazer uma visita aos covilhanenses e inquilinos temporários, como é o meu caso. E não saí à rua porque tenho uma certa preguiça em preparar-me para sair. Dentro do quarto posso andar de fato de treino, mal penteada e de pantufas. Para sair à rua é preciso algo mais elaborado. Além disso, estou um pouco concentrada no meu dever de estudante que é, precisamente, estudar. E estudar o quê? Retórica. Penso que já o tinha dito nalgum dos meus textos anteriores. Hoje estive a ler coisas sobre os argumentos de Perelman e apetece-me testar aqui os meus conhecimentos. Mas calma, se eu vir que isto se torna chato, mudo de conversa. Tudo o que não quero é reduzir o meu vasto leque de leitores e seguidores fanáticos. Um dos argumentos de que ele fala é o da transitividade. Calma. Diz Perelman (de forma aparentemente complicada) que a “transitividade é uma propriedade formal de certas relações que permite passar da afirmação de que a mesma relação que existe entre os termos A e B, e entre os termos B e C leva à conclusão de que ela existe entre os termos A e C”. Calma. Eu exemplifico com algo familiar, o provérbio “os amigos dos meus amigos, meus amigos são”. Agora é caso para perguntar: Que raio de argumento é este? A começar pelo exemplo. Os amigos dos meus amigos não são meus amigos! Se já é difícil para mim travar uma amizade com a pessoa amiga, imagino como seria se considerasse os amigos dos meus amigos, meus amigos também. Mas se calhar estou a levar isto muito à letra. Ou sou eu que tenho uma ideia muito restrita daquilo que pode ser um amigo. Para mim, um amigo não se faz às três pancadas em duas ou três semanas. Amigos são poucos. São aqueles que se for preciso se vestem de palhaços para nos fazer sorrir em momentos difíceis. Amigos são aqueles que mandam mensagem porque é hora de almoçar. São aqueles que se interessam pelos meus assuntos e se envolvem nos meus problemas com toda a naturalidade. A amizade como eu a concebo não tem limites e talvez só seja superada por um grande amor. Um amigo está sempre disposto a ouvir. Um amigo não se preocupa com a dureza das suas palavras. Um amigo proporciona sorrisos e por vezes lágrimas. Ser amigo é também inventar desculpas para te distrair daquilo que não te faz feliz (lembrei-me agora de um episódio assim, que envolveu vernizes). E uma infinidade de coisas. Portanto, o argumento da transitividade, na minha perspectiva não é compatível com aquele exemplo dos amigos. E acrescento até que algumas das vezes (raras mas acontece), os amigos dos meus amigos, meus inimigos são. Inimigos no sentido de não os poder ver à frente. E agora que estou a pensar melhor, não é assim tão raro. Hehe. (Raquel, um amigo não tem ciúmes! Logo meto uma foto contigo!É que esta foto tá completamente relacionada com o que disse).

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Este texto fala de mim. O aviso está feito.

Já não é propriamente cedo. Mas também não é tarde o bastante para deitar e adormecer como acontecia nos meus anos de inocência. Estou sentada na cama em frente ao computador com os meus grandes fones nas orelhas. Daqueles que tapam as orelhas todas e que emitem um som mais bonito. Enquanto escrevo ouço uma música que se intitula “Desamor” dos B Fachada. A letra tem graça, a voz de quem canta acalma-me. E portanto estão reunidas algumas condições. Escrevo quase sempre antes de dormir porque sinto alguma necessidade de conversar com alguém, mesmo sendo esse alguém invisível e mudo. A verdade é que apesar de estar rodeada de pessoas constantemente, muitas vezes me sinto só. Talvez isto não seja exclusividade minha, mas eu tenho essa clara ideia de solidão. E talvez essa seja a verdadeira solidão. A solidão de estar acompanhada e mesmo assim senti-la. Não que essa sensação marque presença diariamente, mas também não se faz esquecer. Muitas vezes a pior parte do meu dia é aquela em que tenho de ir para a cama. Sou assaltada por divagações e pensamentos que não lembrariam ao filósofo mais devoto. E insatisfeito. Mas bem, nem sempre é assim e já dei por mim a sorrir muitas vezes antes de adormecer. E hoje lembro-me do sonho que tive. Foi um sonho embaraçoso que prefiro não contar. Digo só que misturava uma das minhas avós, uma cama no meio do nada, eu, outra pessoa e emoção. Foi um sonho atribulado. Não estou inspirada hoje. E quando não estou inspirada acabo por falar de mim e das insignificâncias de uma pequena mulher. Daqui a vinte minutos estarei eu a dormir ou a pensar no Perelman e na teoria da argumentação? Logo se vê.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"Fondue?! Fuck you!"


(Eu) pessoalmente não tenho nada contra bebidas que contenham álcool. Nada, apesar de não ser grande adepta no sentido consumista. Posso admitir que algumas delas já provei e o sabor até pode ser bom nalguns dos casos. Não gosto sobretudo do excesso de euforia artificial que se lhe tenta atribuir. Não gosto daquele tipo de conversa em que se parece ter um especial orgulho em se demonstrar que se bebeu. Sejam rapazes ou raparigas. Agora, que o álcool é uma boa desculpa para as pessoas se desinibirem, lá isso é. E nesse caso até pode ser um fenómeno interessante de se constatar. Há pessoas que quando bebem ou pensam que beberam para lá da sua conta, refinam o seu sentido de humor. Outras ficam eléctricas e apetece-lhes dançar. Há outras que têm longas conversas que não teriam noutras circunstâncias. Que tipo de conversas? Todas! Hoje essas conversas incidiram sobre sexo ou como eu costumo dizer ingenuamente, sobre o amor. Um grupo de raparigas a falar de sexo e de outras coisas igualmente interessantes. Eu acho espectacular. Acho que são os movimentos feministas dos tempos modernos. Nem tanto vá. E é só isto que tenho para vos dizer. Não sei se o texto tem grande substância, mas apeteceu-me falar do assunto. E um dia ainda vou constar da lista dos alcoólicos anónimos. Até lá vou bebendo Compal de laranja ou água Continente. E assim serei feliz. “Fondue? Fuck you!” e ainda “Tásse bem, tásse buéda bem! O Soito é fixe e o Ozendo também!”. Boa noite.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Posso falar do Benfica? E do Papa?


O Benfica foi campeão?! Que tema interessante… Mas não vou falar dele. O quê?! O papa chega a Portugal amanhã? Posso falar nele! Mas não. Já não vou a tempo de um exclusivo. Mundial de futebol? Não, o Daniel Oliveira trata disso. Já sei. Vou abrir o MSN e ler o que por lá se diz. Posso já dizer uma coisa que salta à vista: os benfiquistas não hesitam em expressar o óbvio e lá insistem nas tão invulgares palavras de ordem “BENFICAAAA CAMPEÃO” ou algo com a mesma substância. Se eu estou com inveja? Não, não sou a típica portuguesa que entra nesse tipo de guerrinhas por clubes. Mas é com alguma mágoa que admito já ter sido um pouco assim. Coisas a que a juventude obriga. No presente, tanto me dá que ganhe o Olhanense como o Rio Ave. Mas enfim, como dizia Jean-Jacques Rousseau “os problemas do homem decorrem dos males que a sociedade cria e não existiam no estado selvagem”. E portanto, a culpa não é das pessoas, a sociedade é que está mal. E o Governo! Gatunagem! Não sou eu que o digo…é o Ser ou até mesmo o Zé Povinho. Por falar em Governo, estou a pensar enviar uma carta aos senhores do Governo. Passo a explicar: em Setembro tenciono partir para Espanha, mais precisamente, para Barcelona. De ERASMUS…não vou à festa do tomate, nem ver una corrida de toros! E queria perguntar se não se podia dar um jeito e ser feriado no dia do meu regresso. Pode ser Nacional ou pode ser só feriado na Covilhã. Nisso não sou dada a esquisitices. É que vendo bem, eu sou uma cidadã portuguesa…e o senhor Papa? Se a Wikipédia não me falha, é alemão. É daquele país onde o Hitler fez umas malandrices… onde os loirinhos é que eram bonitos. Mais, eu pago propinas na Universidade da Beira Interior e contribuo para as boas estatísticas. E o senhor que abana um lenço branco enquanto anda num carrinho a passear por entre os peregrinos de Fátima? Só dá despesas. Só faz fechar lojas porque ele vai passar e ninguém pode deixar de o ver. Não é de bom tom continuar com a insignificância dum dia de trabalho perante um acontecimento destes. Mais coisas? Eu sou modesta. Ele vive no Vaticano rodeado de humildade e sensatez. Outra? Eu tenho nome de princesa. E ele? Chama-se José. Às tantas os amigos que andaram naquelas brincadeiras com os garotos lá na catequese, ainda o tratam por Zé. E pronto, caí na piadinha fácil. Naquela de que há senhores maus na Igreja. Ah, Igreja com “I” maiúsculo porque se trata da instituição e não do edifício dos encontros de Domingo. Para que não haja dúvidas da minha falta de veneração por religiosismos. E parecendo que não, já caí nos grandes temas da actualidade. Perante isto só tenho a dizer “Benfiiica!”, com a sílaba devidamente acentuada.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Silêncio que se vai falar de silêncio...

Dizem que o melhor amigo do Homem é o cão. Eu discordo. Há tantas outras coisas no mundo, porquê o cão? Não pode ser o elefante (sem H como corrigiu o computador)? Talvez esse não possa ser porque nem todas as casas podem abrigar um animal de tal tamanho. E depois, poucos seriam os felizes contemplados pela amizade. Então e objectos? O telemóvel…ah, mas o telemóvel ainda não existia quando se decidiu que o Homem devia ter um melhor amigo que não fosse seu semelhante. Hum… e alimentos? O Solero da Olá não pode ser? Pois, nós não comemos o nosso melhor amigo. Penso que isso não se usa. Dependendo vá (mas isso são já as típicas conotações da língua portuguesa). Bem, e se for um sentimento? O desprezo? Não. Desprezar dá muito trabalho e com um amigo desses, não se fazia mais nada. Além de ser um sentimento feiinho. Então e se o melhor amigo do Homem for algo que não fala? O silêncio! Sim! O silêncio pode muito bem ser o melhor amigo do Homem. E encontrei algumas citações interessantes sobre esse nosso amigo. Tal com afirma Ramalho Campelo “em determinadas situações, o silêncio é a melhor resposta” e também o nosso maior aliado. Tal como o nosso melhor amigo deve ser. Mais ainda: “o silêncio é a virtude dos imbecis” como disse Francis Bacon muito inteligentemente. Eu admito que nem sempre tenho essa virtude mas já sou menos imbecil e portanto já falei mais. O silêncio é ainda um bom argumento. Quem se atreve a refutar um bom silêncio? “Abençoados os que nada têm a dizer e não se deixam persuadir a dizer” disse James Russel Lowell. E depois desta eu sinto-me abençoada nalguns dos casos. Há assuntos e pessoas que põem a nossa inteligência à prova e nesses casos há que saber responder com a ausência de palavras e saber demonstrar superioridade. Há pessoas que merecem o nosso silêncio acompanhado de uns olhos ou expressão que falem por ele. No bom e no mau sentido. O silêncio podia perfeitamente substituir o cão. Não tem pelo fofinho mas também não é preciso dar-lhe banho, não tem patas e olhos mas faz sentido, não ladra mas fala. Para terminar, mais uma frase de quem sabe: “O silêncio que aceita o mérito como a coisa mais natural do mundo constitui o mais retumbante aplauso” - Ralph Waldo Emerson.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

As palavras têm nomes...as pessoas é que lhos trocam...

Tenho uma disciplina (ou uma cadeira, se assim se preferir) que se chama Linguagem dos Média. E neste semestre tenho um trabalho de grupo que pretende analisar o tratamento dado por vários jornais ao Caso Tiger Woods. Por Caso Tiger Woods entende-se aqui a mais recente polémica em torno das suas infidelidades. E toda esta conversa porquê? Porque hoje me apetece falar das palavras. No PÚBLICO, jornal que me calhou, o enquadramento dado ao caso é o de que o tenista é um senhor do ténis, que foi infiel à mulher, que está a tratar-se porque é viciado em sexo e está profundamente arrependido disso. Ao longo das notícias que tenho em mãos sobre o caso, a palavra traição nunca aparece. Como é mais ou menos do conhecimento geral, o PÚBLICO não é dado às chamadas notícias de faca e alguidar e portanto não é de estranhar. De estranhar é que na vida real, na vida de rua, as pessoas também não chamem as coisas pelo nome. Eu própria dou por mim a dar outros nomes às coisas enquanto penso. Dou nomes fictícios, formo signos que não correspondem ao referente, àquilo que existe fora de mim e independentemente de eu querer ou não. Trair e ser infiel é ligeiramente diferente em termos de conotações. Enganar tem uma carga menor. Esquecer-se que amava a mulher então…ui, é quase como dizer que Tiger Woods não acertou com a bola no buraco porque se esqueceu do taco de golfe. Enfim, as palavras. Muito mais há para dizer sobre elas e a ausência delas. Sim, porque o silêncio é também uma forma de falar… e se não fosse tão tarde falaria sobre esse senhor da comunicação.