terça-feira, 27 de abril de 2010

Apesar de tudo o que já foi escrito até hoje, quase sempre com um tom mais negativo, um dia vou escrever coisas que não andem sempre a rondar o deprimente. Prometo.

Peça perdida, peça a esquecer...

Hoje acordei cedo e sem despertador. Na verdade nem sei se aquilo que fiz foi dormir. Tudo porque uma peça do puzzle da minha vida parece ter andado a encaixar nela mas só por acaso. Essa peça é de outro puzzle, mas eu achava que não, que ficava bem onde esteve durante quase cinco anos. A linguagem é metafórica, as palavras são eufemismos daquilo que me deambula pela cabeça. Está a amanhecer lá fora e o mais provável é que o dia esteja quente e que a Primavera aconteça. Acontecem com ela muitas outras coisas. É aquela fase em que os passarinhos cantam, as flores proliferam desenfreadamente, as primeiras tshirts e tops saem à rua e aparecem novos casais. Não posso dizer que esteja contente, mas é a natureza a apelar. Voltando ao puzzle… o meu puzzle está todo baralhado. As peças parecem não querer encaixar e a que falta deve ter andado a ocupar o lugar de outra. Mas essa peça foi importante. Muito importante. Nessa peça estava o coração do puzzle. Estava também um amor que não passa num mês nem em dois. Estava a companhia de muitas horas, a confiança, sorrisos, lágrimas, conversas, lugares, nomes personalizados, um código comum e exageradamente, uma vida. Nas lojas de brinquedos e não só, há muitos puzzles. Uns têm olhos azuis, outros são mais coloridos, uns usam calças e os outros vestidos, depois há ainda os que têm muitas peças e os que não têm nada na cabeça. O meu tem claramente muitas peças. Algumas fáceis de encaixar, outras parecem não querer encaixar muito bem. Quando perdi a tal peça de que aqui tanto falo, pensei que um dia quando não andasse à procura, a peça voltaria porque aquele meu puzzle era o seu lugar. Mas não era. Acho mesmo que ela mal saiu duma caixa, caiu noutra. Ou melhor ainda, estava numa caixa e já ambicionava o outro puzzle que admirava embora tentasse dar a entender que uma fotografia não é uma coisa que sirva para fazer “amizades” noutras caixas. Um peça fêmea e uma peça macho raramente não são encaixáveis. Raramente. Há puzzles um pouco mais complexos. Menos vulgares e com um conteúdo mais profundo. Se alguém encontrar por aí uma peça perdida de certeza que não é a que eu perdi. Essa já foi encontrada e está muito feliz no seu novo espaço. Apesar disso, vou sentir o puzzle incompleto durante uns bons tempos. Não era uma peça qualquer. Era a peça que amava.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Personagem, O Ser, tudo sem especificar o género!

Hoje vou perder algum do meu tempo para falar de uma pessoa. Não é uma pessoa qualquer. É uma pessoa rica. E como eu até gosto de escrever, vou tentar reunir as características mais ricas dessa personagem. Espero conseguir fazer jus à sua vincada personalidade. Vincada e rica. Para aqueles que não me conhecem e que vieram parar aqui de pára-quedas, aviso já que qualquer indício de ironia é pura ficção. Se alguém ler isto e se sentir encaixado na personagem que vou descrever, peço desculpa mas ninguém é obrigado a ler o que não quer. Além do mais, aqueles que se ofenderem têm sempre o consolo de saber que esta é uma personagem-tipo e portanto, não estão sozinhos no mundo. Bem, a introdução alongou-se e agora estou receosa que algum detalhe fique fora do quadro que estou prestes a pintar. Para que a identidade se preserve chamarei à pessoa O Ser. Pois bem, esse Ser é racional embora muitas vezes não pareça. Segundo a definição, o Ser racional é: “aquele que toma atitudes razoáveis, baseadas na razão, quem raciocina”, e lá está, a pessoa não toma atitudes razoáveis. Quem tem uma tirada popularucha do tipo “O Pinto da Costa é um… ão” numa conversa sobre futebol, certamente não é muito razoável. E este é o exemplo mais simpático que podia ter dado. E por falar em cab…ão, aproveito para dizer que o respeitável Ser é daquele género que diz palavrões só porque sim. Pode alguém achar giro ou então precipito-me a dizer que perante uma riqueza tão grande de vocabulário, há que variar. Com esta fortuna de palavras é pois de esperar que o Ser tenha tiradas inteligentes que de tão inteligentes só ele mesmo as entende como tal. Falar é uma coisa de que ele também gosta. Fala, fala, fala…volta a falar, fala e por umas horas cala-se. Hora de dormir, graças a Deus. Imaginemo-nos a tentar fazer sumo com uma laranja seca…não dá sumo para aguentar um dia de calor. Com o Ser é assim, o dia está quente e ele não fornece líquido para se aguentar mais um dia em contacto com o ele. Acho que a analogia não correu lá muito bem. Dito de outra forma, essa personagem não diz nada de jeito. Apesar das condições adversas que o mundo nos traz, o já famoso Ser está convencido de que age de acordo com o valor do bem, do justo, do saudável, do modesto…pensa! O Ser acha que cada um tem a sua opinião, mas por vezes a opinião do outro é estúpida e escusada. O Ser acha que não devemos criticar os outros porque todos temos defeitos, mas depois critica como se não houvesse propagação de som no dia seguinte. E critica coisas que perto do ridículo são ainda mais ridículas. E lá está, tudo à luz de grandes valores. O Ser é ainda modesto. Quer amizades e só lhe oferecem amor, quer arroz com atum e só lhe oferecem Sushi, quer viver no Terreiro das Bruxas e já lhe compraram bilhete para Nova Iorque. Uma chatice. O Ser gosta ainda de salientar algo que tenha dito ou feito quando pensa que isso se tornará no seu “Só sei que nada sei”. E porque ando eu para aqui com conversas? Porque me julgo perfeita.