sábado, 30 de outubro de 2010

Estar em casa o dia todo é muito triste

Ando seriamente desconfiada dos meus títulos. Há umas semanas a minha irmã mostrou a uma amiga as fotografias que tenho num site. As observações dessa amiga da minha estimada irmã limitaram-se a isto: "os títulos das fotos são muito chouchos". Das duas uma, ou as fotos são tão nulas que não merecem comentário ou os títulos são tão maus que merecem especial atenção. E para que este não seja um título absurdo vou directa ao ponto de partida. Hoje estive todo o dia em casa. Mentira. Saí meia hora para correr. Mas é triste na mesma. O ir correr foi a desculpa que me pareceu mais lógica para sair de casa às nove da noite. Mais lógica não direi...talvez mais sensata. Quando andava a correr pela Rambla del Brasil dei por mim a ir em direcção a um rio de gente. Adeptos do Barcelona. E depois senti-me espectacularmente bem. Afinal o Camp Nou é logo aqui ao lado da minha casa. E eu estou mesmo em Barcelona. Posso ir na rua e dar de caras com o Messi. Se der de caras com outro jogador qualquer não fará grande diferença na minha vida porque desconheço o resto da equipa. Sei mais alguns nomes, as caras é que não me aparecem no balão de pensamento. Mas só de saber que há essa possibilidade...o que devo chamar a isto? Parolice? Nãão. Choque de realidade? Talvez. Às vezes parece que estou num sítio qualquer. Que ninguém conhece ou ouviu falar. Um sítio que tem autocarros a passar a cada cinco minutos e que abriga pessoas que falam um idioma esquisito: o catalão. E muitos outros idiomas. Não tão esquisitos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Redland...reprovado!

Hoje reservei um pouco da minha tarde à crítica. Se atenuar, posso dizer que é uma crítica construtiva. E supostamente, essas críticas todos as aceitam. Não vou citar nomes. Vou apenas citar algumas frases. O Blogue que serviu de amostra às minhas próximas constatações é só isso mesmo, uma amostra. Haverá milhares ou milhões por aí à solta. Basta estar atento.

“ (As mães) é quem embirram com tudo e mais alguma coisa”. Deixa-me só dizer que as botas é não combinam com o casaco embirram. Não formam um bom conjunto no corpo. Se é que me entendes.

A vós que me ouvem”, ora aqui está o motivo pelo qual as pessoas optam por conjugar o vocês. Não sabem como se conjugam os verbos na segunda pessoa do plural. Aos nativos alfacinhas tal coisa ainda se perdoa. Há tolerância mínima para aqueles que dizem vocês e conjugam na terceira pessoa do plural, mesmo não sendo de Lisboa. Tudo o resto merece condenação sem direito a advogado de defesa. Se esta blogueira escreve “vós” é porque usa a palavra, se a usa e não há concordância com o verbo, temos um problema. Como sou uma incondicional eufemista, direi que estamos perante uma pessoa com limitações ao nível da inteligência. (Eu ouço/oiço, tu ouves, ele ouve, nós ouvimos, vós ouvis, eles ouvem). Cuidado para que não haja confusão com a conjugação do verbo haver. Há uns “H” de diferença.

“Qualquer coisa é motivo para eu rebentar! Já nem manter a calma resulta.
Que faço eu?!” Calma, ou rebentas ou manténs a calma. Já alguma vez resultou rebentares e manteres a calma ao mesmo tempo? É só um pouco complicado.

“Para se tirar um curso na área das artes, temos de fumar, ou suportar os outros a fumarem-nos para cima?”. Pequena explicação: o nos é um pronome reflexivo porque reflecte o implícito nós. A mim nunca ninguém me fumou. Foste cremada? Como se fuma uma pessoa? Para cima? Acende-se a pessoa com o cabelo no bico do fogão? Estou um pouco confusa já.

“ (1) A ignorância das pessoas, (2) a falta de civismo e (3) respeito, são uma coisa que me consegue espantar a cada dia que passa, e cada vez mais!”. Queres ajuda nas contas? A mim aqui só me espanta mesmo uma coisa: TU. Peço desculpa.

“Estava a sonhar que milhares de ratos estavam em cima de mim, a atacar-me!
Eu sei, só sonho com coisas estranhas.” Quantos ratos eram mesmo? Um? Desta vez não soubeste contar ou conjugar? Posso escolher? A mim palpita-me que os teus sonhos são ainda assim o teu forte.

Fico-me por aqui. Se alguém quiser criticar, que seja alguém que perceba espanhol, porque segundo me consta, assassinei a língua naquela minha tentativa há uns posts atrás.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dias na incógnita

O título é apenas a tradução de algo muito particular que tenho sentido. Mas não há ninguém com quem possa falar do assunto. Nada de muito trágico, acho. Talvez deva ser mais clara quanto aos assuntos aqui publicados. Mudando de assunto. Hoje foi um dia normal. Aulas de manhã, passear um pouco à tarde. Um pouco ou até bastante. As minhas pernas já clamavam por repouso. Mas estive num sítio muito bonito de onde tive um pouco a noção das dimensões da cidade. Foi um passeio onde havia paisagens verdes. Foi tranquilizador. Comi um Kehbab. Gosto muito.Gosto mesmo muito. Há ainda outra coisa de que me lembrei em conversa com a amiga Raquel. Se as pessoas gostam de uma música porque a metem como música do despertador? É quase um crime. Ela, a Raquel, falava-me que gostava de uma música e eu disse que não gostava. E porquê? É precisamente o toque de despertador da minha colega de quarto. Todos os dias aquela santa musiquinha toca. Umas vezes às seis e meia da manhã e outras às oito e meia. Descansa ao sábado e ao domingo e regressa sempre na segunda. Não dá grande descanso.Um conselho: Não se devem estragar músicas, tornando-as o símbolo da obrigação a cada manhã que passa. Outra coisa que hoje me fez pensar foram as palavras do professor de jornalismo internacional...dizia ele que por vezes o jornalista tem a mania de achar que as suas opiniões são muito importantes e que aquilo que escreve é muito interessante. Não sendo eu uma jornalista mas ambicionando sê-lo, será que estou a cair no erro com este blogue? Lembrei-me, mas vendo bem as coisas, ele trabalha no Vanguardia e isto aqui é um blogue com 400 e poucas visitas. Talvez ele estivesse a falar de coisas mais a sério. Hoje não estou muito inspirada. Os meus seguidores que me desculpem.

sábado, 16 de outubro de 2010

Remetente: Letícia Alexandra Neto

Hoje acordei com uma vontade invulgar de me levantar. Pode dizer-se que estou numa boa fase da minha vida. Sinto-me apaixonada. Pelas coisas, pelas pessoas que estão longe. Senti-me o ser mais feliz do mundo porque fui caminhar logo pela manhã e senti a brisa fresca nos meus braços desnudados. Senti-me leve. Vi-me nos vidros das montras da rua e senti-me bonita. Fui aos correios enviar uma carta à minha mãe. Burocracias. Enviei algumas fotografias que tirei em Barcelona porque sei que não é assídua seguidora do Facebook. Sei que vai gostar. Algumas palavras óbvias se juntaram a esses fragmentos testemunhais da minha vida nas últimas semanas. Óbvias mas naturalmente sinceras. Para quem não sabe, tenho três irmãos e um deles é o Rafa. O mais mini de todos. Fiz questão de referi-lo nessas minhas palavras. O Rafa é o preferido de todos nós. Entrou nas nossas vidas há quase seis anos quase como um intruso indesejado e tornou-se naquele por quem todos temos saudades e ansiamos chegar a casa. É ele que sorri sempre e abraça como ninguém. Se estiver disposto a isso, que nem sempre acontece. É a pessoa que me faz ter a clara noção do que é ter saudades. Bem, mas a vida continua e continua bem. Depois do meu já referido passeio matinal, regressei a casa. Tudo isto na mais desfrutável das solidões. É muito bom ter momentos a sós. Sem ter que responder ou acompanhar o raciocínio de alguém enquanto caminhamos pela rua. Ter o caminho livre para as divagações mais pessoais que possam ocorrer durante o percurso que se fizer. Quando fui imprimir as fotografias e um trabalho, fui atendida por um senhor de meia idade que sorria constantemente. Eu penso sempre que mal eu abro a boca e as pessoas pensam “a falar tão bem o espanhol, deves ser polaca”. Talvez polaca não, porque me falta o loiro esbranquiçado. Mas outra coisa qualquer. Aos professores explica-se logo desde princípio que sou de ERASMUS e às outras pessoas que sou portuguesa e que não falo muito bem espanhol. Ao que as pessoas respondem simpaticamente que percebem perfeitamente. Dois advérbios de modo seguidos é abusar, mas agora não apago. O senhor que me atendeu hoje, também não foi excepção. Disse que compreendeu tudo o que disse e que tinha sempre de tentar falar para ficar no ponto. O mais fixe é que me é permitido dizer “Bom dia”, que ninguém repara que não é em Catalão (que se escreve “Bon dia” e se diz da mesma forma que em português). Digo bom dia como se estivesse em Portugal e eles pensam que estou a falar em catalão. Mas não. E engano-os assim. E pelo menos de manhã, sou brindada com o costume da realidade portuguesa. Agora vou às compras.

domingo, 10 de outubro de 2010

Museu Picasso

Hoje fui ao Museu Picasso. Balanço geral: Que seca! Não fui talhada para aquilo. Não tenho o requinte e o estatuto necessário para saber apreciar tamanhas obras de arte. Vi os primeiros quadros com algum entusiasmo, mas esse entusiasmo foi diminuindo à medida que as minhas pernas iam cedendo ao cansaço. Até que me sentei. E até havia bancos para isso. Pelos vistos, não sou a única que me canso e portanto fico mais descansada. Nessa minha visita fui acompanhada pela Vanessa, a habitual colega de ERASMUS e outras duas portuguesas do Porto que também vieram passar uns meses em Barcelona. As raparigas do Porto, como não as conheço, não consegui decifrar nenhum tipo de observação quanto ao meu notório desinteresse. Já a Vanessa, que conheço melhor, dirigiu-me um certo tipo de olhar. Aquele olhar que diz "és mesmo ignorante, abre os olhos que estás no museu do grande Picasso!". Mas eu não me senti muito incomodada. Sinceridade e espontaneidade acima de tudo. Quase duas horas se passaram naquele passeio gratuito e enfadonho. Gratuito porque hoje não se pagava. Ainda bem...se pagasse para me sacrificar mais valia pagar para ir ver o Papa. Já agora, o Papa vem a Barcelona.

sábado, 9 de outubro de 2010

Olá a todos meus queridos...

Hoje titulei o meu texto assim. E faço questão de explicar o porquê. Não é porque eu use a expressão no meu dia a dia, como aquela minha tia de Lisboa que tem um Smart e conduz perigosamente. Tem quase oitenta anos, usa óculos e dá catequese. Tem desculpa. Já divaguei. Bem, eu usei a expressão "meus queridos" porque li hoje várias vezes num blogue alguém tratar assim os seus possíveis leitores. Tenho uma coisa a dizer sobre isso. Se calhar várias. Mas numa palavra direi apenas: (atenção) JAZUZ me guarde e me acompanhe. Olha, afinal é uma frase e já não é só uma palavra. Mas tenho a certeza que no dito cujo blogue esta falha de concordância passaria em branco. Como tantas outras vi passar. Se há coisa que me chateia, são os atentados vorazes ao português. Que mal fez o português às pessoas para ser chacinado em praça pública? Se as pessoas querem fazer esse tipo de atentados, que o façam caseiramente. Que só os pais tenham a honra de presenciar, sem punir, tais actos criminosos. É, hoje acordei com uma causa em mãos. Defender a língua portuguesa como quem defende a reciclagem. Mas na minha causa há uma vertente mais nacionalista. Espero não ter leitores que me interpretem mal, mas se interpretarem, que não fiquem preocupados porque não ofendo ninguém. Nunca vos insultarei com termos como "meus queridos". Sim, porque eu nem sei quem está aí a ler. Não deve ser muita gente, mas a que for eu não sei ao certo quem é. E portanto não vos vou enganar a chamar-vos nomes queridos como forma de vos coagir a não perderem de vista este meu espaço algures na aldeia global. Isto tudo para dizer que todos podem errar. Como diria a Diana. Não, não é a princesa. É a Diana de Monção. Sim, até eu posso errar. Mas uma coisa é errar a primeira vez ou até a segunda, e outra bem diferente são os erros sistemáticos e variados. É que às vezes para além dos erros sintácticos vêm os erros semânticos, as frases sem sentido. Vou buscar uma a título de exemplo. Um momento. Desisto. Não quero ferir susceptibilidades. No fundo sou uma pessoa sensível. Ah, aviso já que não tenho o hábito de ir a blogues. Assim sendo, se alguém estiver a ler isto na esperança que eu me converta a blogueira do tipo troca directa, lamento mas é pura perda de tempo. Ide todos a WWW...não digo. De certeza que isto de que falo não vos é estranho.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Há coisas complicadas, serei eu uma delas?

Como disse, há coisas complicadas. Eu por exemplo sinto-me muitas vezes um ser complicado. Cheio de quês e porquês. Há fases da minha vida em que estou um pouco pior que complicada e há outras em que activo o Tarifário UZO e tudo parece ficar descomplicado. Muitas palavras para nada dizer. No fundo é isso. Apetece-me escrever porque aqui escrevo para mim. Não corro o risco de ser entendida com o tom errado e levar logo com uma má resposta. Escrevo para ver se entendo melhor o que acontece. Bem, tudo começa porque no fundo sou uma pessoa sensível, embora muitos não o saibam. Choro com facilidade, sorrio com igual facilidade. Basta que algo ou alguém toque no meu ponto de empatia. O que nem sempre é fácil. Muitas vezes dou por mim a criticar a minha falta de abertura com outras pessoas, que não aquelas já infiltradas na minha rotina. Por exemplo, a Vanessa fala e fala e fala que é uma coisa impressionante.Sorri com facilidade ao desconhecido, não lhe faltam as palavras para qualquer primeiro diálogo. Eu não sei o que dizer, não sei esboçar sorrisos só porque pareceria mais simpática, não me esforço para ser simpática. E porquê? Não sei. Talvez por pensar que aquilo tudo me é dispensável e que já abri a porta a todas as possíveis personagens da minha vida. Mas eu sei que não devo ser assim. Tenho 20 anos e uma vida para viver. Talvez seja uma pessoa um pouco retrógrada, desconfiada ou exigente. Muitas das vezes mal uma pessoa abre a boca e já estou eu a fazer juízos de valor, baseada em critérios absurdos que eu mesma criei. As pessoas não têm que seguir o protótipo que eu delineei para gostar delas. No fundo eu sei, mas no fundo(também no fundo!) não cumpro com aquilo que sei. Isso tudo faz com que eu fique muito dependente das poucas pessoas que deixei entrar mais a fundo no meu círculo. E ficar dependente é sempre mau. Tal como é mau alguém ficar dependente de terceiros para se locomover. Eu fico dependente dos outros para ser feliz. Acontece muito com a minha mãe, por exemplo. E não só. Isso leva-me bastantes vezes a deixar de lado o orgulho (que muitas vezes teria fundamento) e a tentar resolver as coisas assumindo-me como culpada. Directa ou indirectamente. Através de expressões carinhosas, gestos e até explicações exaustivas. Exaustão também é uma palavra que se adequa ao dia de hoje. Talvez mais até que só ao dia de hoje. Muitas vezes penso se serão as coisas naturalmente complicadas ou se sou eu que insisto nessas coisas complicadas. Talvez tenha medo da pacatez da simplicidade. Mas ninguém consegue viver eternamente no caos da incerteza e da dependência sentimental.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Beijinhos. Rafael.


Mais um dia na Europa. Espanha. Barcelona. Rambla del Brasil. Do bairro não sei o nome. Posso dizer que estou a gostar cada vez mais de estar aqui. Neste lugar onde há lojinhas de fruta a cada esquina. Como uma manga, depois pão com cheiro a fresco...e tudo sem ter que arranjar um objecto sem rodas. E isto é só uma ínfima parte do que é estar aqui. Apesar de ter chegado há pouco mais de uma semana e de me sentir encantada, parece que estou há mais tempo do que na realidade estou. E hoje sentimentalizei inesperadamente. Recebi uma carta de Portugal. Sabia que ela chegaria, mas não hoje. E não imaginava que viesse com extras. Para além do meu novo cartão(que não sei bem se é de crédito, de débito ou de outra coisa qualquer), vinha uma folha de linhas. Nessa pequenina folha vinha um desenho muito precoce e letras virgens de um ser de cinco anos que aprendeu a escrever RAFAEL há pouco mais de meses. "Beijinhos" escreveu ele. Talvez tenha sido ensinado na creche. Não sei qual foi o processo de fabrico daquela sua obra de arte que para mim vale mais que o Guernica do Picasso ou a Sagrada Família de Gaudí. Obras citadas pela proximidade do momento. Quando tirei a carta do correio, que afinal não precisava de chave para ser aberto, fiquei satisfeita. Finalmente tinha ali a minha liberdade económica que vinha sendo compensada com a amabilidade da Vanessa. Entrei no elevador e depois de apalpar as formas do cartão, rasguei o envelope. No espelho apareceu com certeza um sorriso rasgado. De seguida, a torneira ficou mal apertada e saíram aqueles pingos que a longo prazo contribuem para a conta da água lá de casa. Entrei em casa e mostrei à Vanessa. Ela perguntou como quem responde se ia começar a chorar. Porque choram as pessoas quando não estão tristes? Choram porque chorar é uma forma de transbordar coisas para o lado de fora. Nas minhas talvez tenham saído algumas saudades. Não sei. Não sei qual é a relação entre os meus líquidos corporais e as minhas emoções...mas haverá uma constância de correlações que a Psicologia ou outra ciência qualquer poderá ter já dado resposta. O meu ponto fraco na realidade são dois. As pessoas que gosto e o nervosismo agudo. Chorar é bom se não for apanhada a fazê-lo. Mas se for apanhada e estiver a choramingar por razões como a de hoje, então vale a pena o risco. Há pessoas especiais em todas as vidas. Na minha também. E não é só o Picasso de palmo e meio.