quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pena pelo que sou



Já todas foram dormir. Só eu restei na sala. No acolhedor ruído dos meus fones da Marvel. (Sara Tavares)Estudo. Ou faço o que faço, que poderá ser entendido como tal. Já não escrevo há dias. Mais ainda, já não fotografo há meses. Tenho pena de não me dedicar mais à fotografia. Porque gosto e porque tenho uma máquina mais cara que o normal para estar a enfeitar a prateleira de cima. Ando ocupada, mas o estar-se ocupado é normalmente uma desculpa que as pessoas dão para não admitirem a preguiça ou o que quer que seja. Às vezes gostava de meter aqui fotografias para dar mais ânimo ao acumulado de textos, mas não as tenho. A ética. Alguém sabe o que será isso? Eu sei. A ética é uma COISA que tem a ver com as boas ou más escolhas que fazemos. Que se traduzem em acções. É ético beijar uma pessoa que diz ser o nosso nada? A minha mãe diria que não. Será ético mandar lixar a opinião da minha mãe? Será ético desejar a morte de alguém que só faz merda? Penso que não. Mas existe. E se existe é porque a ética não pode antecipar-se às nossas intuições, desejos, vontades, pensamentos. Só vem depois para estabelecer o chamado bom senso da racionalidade. Não que interesse, mas o estudo de dilemas etico-morais não podia vir em altura mais oportuna. Viria sempre. Tenho pensado nalgumas situações da minha vida que nunca ninguém me ouviu contar. Dias, momentos e situações que nunca ninguém mereceu saber. Ou que eu não saberia contar. Às vezes ouço falar de pseudo-problemas e só me apetece rir na cara das pessoas. Dessas pessoas. Não que lhes deseje mal. Desejo apenas um ínfimo clarão das minhas muitas noites. Para que não falem em vão e corram o risco de cair no ridículo. As pessoas moldam-se conforme as situações, é sabido. Eu sou aquilo que me fazem ser. E às vezes tenho pena do que sou. Podia ser mais estável. Podia confiar mais nas pessoas. Podia ser mais humana. Podia ser mais feliz. Podia gostar mais de mim.

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