domingo, 19 de dezembro de 2010

...Oh.

Apetece-me chorar. Não que isso interesse. Mas apetece.

Lista de coisas

Apeteceu-me fazer uma lista de coisas, inspirada num blogue espectacular que enumera as coisas boas de Lisboa. A minha lista não tem um tema. É só uma lista. Envolve uma cidade espanhola. Que começa com B e acaba em A. E como toda a boa lista, começa com o número um.

1º O metro devia ser abolido em Barcelona. Faz muito calor no metro, cheira lá mal e não se vê nada para os lados. Em Bruxelas, por exemplo, o metro é um bom sítio para se estar por causa do frio e do lixo das ruas. Aqui, nesta tal cidade, não.

2º As gelaterias deviam ser importadas para todo o mundo e até para as aldeias do interior de Portugal. Assim como o pão fresco a cada esquina e ao sair da porta do prédio. Já que estamos no sector alimentício, era bom que houvesse, em Portugal, uma proliferação de restaurantes só para confeccionar os Kehbab no prato.

3º Os professores espanhóis parecem estar menos empenhados em manter distância dos alunos do que os que eu conheci ao longo de toda a minha vida estudantil. Uma grande diferença está no facto de tratarem os alunos por tu e serem tratados com esse mesmo tu. Isso faz com que as aulas pareçam menos aulas e mais partilhas de saberes. Na prática é bastante diferente.

4º O frio de Barcelona é o bastante para se brincar ao Inverno. Não chega a congelar as mãos mas dá para vestir os casacos novos de Inverno e meter um gorro com o qual simpatizámos.

5º Barcelona tem a vantagem ou desvantagem de ter sempre coisas para se ver. Depois de três meses, podem ainda descobrir-se coisas novas. Há festas de rua quase todos os fins de semana. Pode ser uma chatice ou um grande ponto a favor. Vista em poucos dias esta cidade pode parecer muito pouco. Mas bem descoberta tem um património infindável.

6º Uma outra coisa boa da cidade é que tem bancas de jornais e recuerdos por todo o lado. Os preços estão sempre anedoticamente inflacionados, mas é tudo fogo de vista. As coisas têm de ser negociadas. Refiro-me aos (marroquinos?) que têm lojas com os "I Love tudo e mais alguma coisa."

7º Pode andar-se em Barcelona, durante três meses, com a carteira e o telemóvel na mão que não se é roubado. Nas Ramblas os ladrões não roubam máquinas fotográficas porque deve ser difícil escolher uma no meio de tanta oferta. Pode ter sido sorte, mas não posso falar do que não vi.

8º Uma das coisas que a mim, enquanto chica portuguesa, me parece mal é fecharem os centros comerciais ao Domingo. Que estranho. Onde está o espírito consumista domingueiro dos espanhóis? É que nem o LidL abre. Não se pode ficar sem comida num frigorífico ao Domingo. Se o leite se acaba no Domingo, na segunda de manhã bebes água da torneira. Hehe. Mas se planeares as coisas, vais no Sábado às compras e evita-se tudo o resto.

9º A batalha entre catalão e castelhano é complicada de entender e difícil de separar. Mas o catalão é uma língua que tem a sua graça e dá algum gozo quando se percebe o que se está a dizer nessa língua. Porque não está ao alcance de tantos. Tem sons que ficam no ouvido e que apetece repetir.

10º Fica caro morar em Barcelona. Mas nada é impossível. Saldo positivo para este sítio.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Criança ou adulto? FIFA ou namorada? Escolhas difíceis.

Há uma espécie de homem muito atractivo. Esse homem é aquele que um dia comprará brinquedos aos filhos como desculpa. Porque os jogos e brinquedos são mais por ele do que para os filhos. Jogar a vida toda pode ser uma coisa bastante saudável. No caso do futebol é mais saudável ainda porque ajuda a evitar a pipa dos 50.

Essa espécie de homem chega aos 24 a jogar longas maratonas de FIFA ou outro jogo qualquer até que o sono se manifeste. Ou até que a razão resolva aparecer.

O amigo que costumava ser arranjou uma namorada e já não alinha tanto nas brincadeiras. Tornou-se aborrecido. Só quer saber da namorada. Já não lhe apetece pôr paralelos no meio da estrada. Ou ver quem faz chichi até mais longe. Resumidamente, parece estar a crescer juntamente com a responsabilidade de levar a namorada a dormir em casa dos pais.

A espécie de homem-criança de que vos falo, não quer esse crescimento para ele. O orgulho reside em ser como sempre se foi. Mas os anos passam. A secundária já lá vai e em pouco tempo acaba-se a vida universitária. Será um choque perceber que os amigos de substituição de uma vida já têm a sua própria vida. Séria. Já trabalham e qualquer dia casam. Já têm responsabilidades. Já não vivem num jogo fictício. Vivem a realidade. Se é assustador para mim que gosto de planear, imagino para este homem que não quer deixar de ser criança.

Mas que tem o seu encanto, tem. Porque não sente a responsabilidade nem a vergonha de não beber uma mini ou dar uma passa. É uma criança com alguma personalidade, sem dúvida. Sim, estou a falar mal de ti.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Gosto bastante desta versão. E dos tantos Davides.

Caixa de entrada: Vazia

Será que o amor de alguém se mede pelo número de mensagens, telefonemas ou mensagens de Facebook? Se for, estou mal de amores. Até a minha mãe anda a poupar na comunicação.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Hoje senti-me ofendida. Pode ser?

Hoje fui passear. Na verdade, fomos. O passeio foi demorado e os meus pés segredaram-me ao ouvido (sim, sou extremamente flexível) que já andava a abusar deles. Mas eu não lhes dei ouvidos e continuei a dar-lhes que fazer. Nisto tudo(que é na verdade nada), entro numa daquelas lojas dos marroquinos onde se vendem todo o tipo de coisas com o nome da cidade onde estás. No caso e para quem não sabe, Barcelona. Até aqui tudo esteve bem. O pior foi quando me ofenderam. Já é a segunda vez que me ofendem desde que cheguei aqui. Na primeira vez perguntaram-me se eu era brasileira e desta vez foi o marroquino que tentou adivinhar. "Francesa?", perguntou o senhor. Eu para o ofender pensei: e tu? És de onde? Ah, já sei. És marroquino. Vendes coisas a imitar. E além de vender coisas a imitar, metes-lhe preços a imitar. Para depois dizer: "para ti que és guapa, faço mais barato." Posso ser francesa, mas se for francesa, não sou filha de emigrantes portugueses. E pronto. Portugal existe e está mesmo aqui ao lado. Para quê ir mais longe?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Serão pseudo namorados?

Serão pseudo namorados?

Um cenário perfeito. Duas pessoas que se sentam a olhar para as gaivotas. Podiam estar a olhar para um cão que faz brincadeiras na praia. O amor podia ser o mesmo. Será condição para uma história de amor? Não podem ser só amigos? Se deram beijinhos na boca, são namorados? Se não andarem de mãos dadas é porque são irmãos inseparáveis? Não é assim tão simples detectar um casal de namorados. O óbvio pode não chegar. Grande reflexão do dia. A propósito, a fotografia é da minha autoria. =)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hoje tive um teste

Hoje apetece-me falar de um teste que tive. De Jornalismo Internacional. Haviam duas perguntas para responder em mais linhas e mais umas dez de resposta curta. Eu estava à espera que o fim do mundo viesse com este exame. Eles aqui chamam-lhe examen. Mas como o mundo só acaba em 2012 o meu exagero está mais que comprovado. Quando vi as perguntas percebi que aqui as coisas são mais à minha medida. Os professores parecem não ir na cantiga dos decoranços e formulam as perguntas de modo a não permitir isso. Sem querer falar mal do meu país e já estando a fazê-lo, em Portugal a maioria dos professores quer grandes conversas decoradas e esforçadas. É certo que eu nunca fui assim (tirando nuns testes de história muito especiais do nono ano) e sempre me safei no meu mundo nublado do conhecimento. O teste de hoje pedia-me para eu falar das duas actuais fronteiras da Guerra Fria. Grande maioria dos meus colegas espanhóis ficaram com o desespero estampado no rosto. Que raio seria para dizer? Nas aulas mal se falou nessa coisa de Guerra Fria...alguns deles protestaram dizendo que aquilo nem tinha sido dado nas aulas. Mentira. As pessoas não faziam ideia era que o problema de Israel com os palestinianos e a guerra entre as Coreias eram consequência daquela rivalidade entre capitalismo e comunismo protagonizada pelos EUA e URSS. Eu digo guerra entre as Coreias porque aquilo para mim já é uma guerra declarada. Prova disso são as últimas notícias sobre os ataques da Coreia do Norte e as declarações de que as forças militares sul coreanas estão prontas a intervir. Na Palestina as guerras são como uma espécie de baratas que aparecem e nunca mais se acabam. Nomes não é comigo. Então fixar nomes coreanos e israelitas é como tentar ensinar um cão a andar de patins. Outra das perguntas era sobre a União Europeia. Essa era mais que fácil. Depois haviam dez perguntas que podiam muito bem fazer parte daquelas perguntas do Quem Quer Ser Milionário. Algumas não respondi. Umas três. Não fazia ideia. Quem é o presidente do Egipto? Só sei que o Nasser foi, mas esse já morreu. A minha táctica, enquanto aluna de erasmus foi "vou fazer-me desentendida e meter aqui assim: Nasser fue uno de los presidentes más emblemáticos del Egipto." Não menti. Não disse nada muito descontextualizado. Só não respondi à pergunta. Mas dei a entender que sei algum nome ligado ao Egipto. E sou de erasmus. Posso ter percebido mal a pergunta. E o professor pode ser burro. Embora à primeira vista disfarce bem. De qualquer maneira estou arrumada com os testes nos próximos tempos. E é quase Natal. Estou quase a ir para para perto das minhas pessoas.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hoje não me apetece meter título

Amanhã tenho um exame. Depois desse terei mais um e será o último. Está em contagem decrescente esta minha passagem por uma das cidades que dizem ser das mais bonitas do Mundo. Quanto a mim, quem o diz tem razão. Gosto disto. Conseguia viver cá para sempre. Mas ia passar férias ao Seixo. Quem não sabe o que é isso, o Seixo, que veja no Google maps. Seixo do Côa. É dessa terra que venho. Em Barcelona há mil milhões de ruas onde eu podia aprender a andar de patins. Há mil milhões de luzes no NADAL. Há mil milhões de lojas onde posso gastar o dinheiro todo e onde posso ser roubada(como já me aconteceu). Em Barcelona há mil milhões de sítios onde se podem comprar gelados de mil milhões de sabores. Das piores coisas que se inventaram (e ao contrário do que se disse num blogue da concorrência), foi o metro. É muito útil, prático e com o passar dos dias torna-se bem simples. Mas porque não um metro que andasse no ar e não debaixo de terra? Talvez fosse menos abafado, mais cheiroso e menos aborrecido. Uma viagem de metro nunca mais acaba. Não se vê nada prós lados. A não ser que esteja um senhor de fato e que me toque na mão. E eu fique apaixonada. Agora parece que no Facebook já se podem encontrar essas paixões de metro. Bem, focando novamente no assunto. Esta cidade onde me encontro tem praia. E na praia há o quê? Mil milhões de grãos de areia. Tem bicicletas e scooters, mas não são uma, nem duas...são mil milhões delas. Para acabar, há mais um mil milhões de qualquer coisa. Os Blackberrys. E cães. Há cães a passear por todo o lado. Mas são todos de marca.

sábado, 27 de novembro de 2010

Spice Girls - Infância destruída pelos 20

A minha preferida era a desportiva. A Mel C. A minha irmã ficava sempre com as loiras.

As saudades

Tenho algumas dessas coisas a que chamam saudades. Mais que qualquer coisa, saudades das pessoas e das coisas espectaculares que elas fazem e que só nos apercebemos que existem quando não nos deparamos com elas na cozinha. O cheiro a bolo de iogurte que a minha mãe faz. O quente da lareira. Esse cheiro a Inverno. As vozes que se multiplicam ao sábado de manhã. As vozes de sempre. As publicidades de Natal que dão aos fins-de-semana pela manhã e o cheiro a almoço mal acordo. Acordo tarde e a minha mãe cozinha cedo. É isso. Ao meio dia e meio o mais tardar, o almoço está pronto. As mães conseguem ser seres inexplicáveis. A minha é só a minha mãe. E isso não é pouco. Não é das mães que liga todos os dias, mas isso não é grave. Normalmente sou sempre eu que ligo. Isso não impede que ela pense em mim todos os dias e que se preocupe com o meu orçamento ou estado de saúde. Ela diz-me que eu melhor que ela sei quando devo falar. E é verdade. Eu é que tenho coisas para lhe contar (insucessos e mais ainda os sucessos), dinheiro para lhe pedir, coisas para lhe perguntar... hoje é dela que tenho mais saudades. Queria contar-lhe que estou a aprender muito aqui em Barcelona e que um dia destes vou a Bruxelas. Queria explicar-lhe como é o catalão.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Barcelona Loves you

(Antes de ler é favor clicar na música ali em baixo)

O título é alusivo a uma tshirt que diz "Barcelona loves me". É hora de recordar com alguma melancolia os quatro dias mais bem passados em Barcelona. Apesar do cansaço tudo o resto se impõe no meu sorriso mais profundo. Se amar não é isto que estou a sentir, então não sei o que é. Tudo foi perfeito até à mais sublime imperfeição. O cheiro da pele, os ruídos, as imagens, as palavras, o ar e o que de mais possa gravitar entre dois corpos. Perfeito. Só pode ser amor. O amor dos que anseiam passar o resto da vida lado a lado. O teu sorriso é mais que um sorriso. É o sorriso que me contagia da forma mais pura. Os teus olhos não são só uns olhos. Vêem o que mais ninguém poderia ver. As tuas mãos são mais que um conjunto de dedos ordenados. As tuas mãos têm o poder de me saber acariciar. Os teus pensamentos embrenham-se nos meus. A comunicação contigo acontece muitas vezes sem ser preciso o recurso às palavras. Porque falo para ti? Porque é de ti que falo. Falo de ti para quem quiser ler. Porque eu quero dizer às pessoas que me fazes o ser mais contente do mundo. Se o mundo for o limite máximo. E porque as músicas dizem muito, digo que ouvi esta durante o tempo que estive a escrever.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Há uma versão em português do último texto. Mas achei que em Espanhol reflectia melhor o meu esforço neste trabalho.

Joseph Ratzinger, el Papa de hoy

En 19 de abril de 2005, el humo blanco salió de la chimenea de la Capilla Sixtina en el cielo del Vaticano. La muerte de Juan Pablo II, dejó abierta la oficina del Sumo Pontífice de la religión cristiana. Después de varias horas de intensa expectación se hizo eco de la frase en latín "Habemus Papam". Desde cardenal, Ratzinger llegó a ocupar el cargo más alto en la Iglesia Católica. Se definió como "un trabajador sencillo y humilde en la viña del Señor" en su primera aparición en el balcón de la Basílica de S. Pedro.

En su pontificado, que dura hace cinco años, Benedicto XVI ya ha sido puesto a prueba ante el mundo creyente y no creyente. Los casos de abusos sexuales recientes que se han presentado, la firme oposición del Vaticano a la ordenación de mujeres sacerdotes y su visita al Reino Unido, son los mejores ejemplos de esto.

Pero la vida de Joseph Ratzinger comenzó mucho antes de convertirse en Papa. En Traunstein, un pueblo cerca de Austria, recibió su educación cristiana, humana y cultural. Experimentó el régimen nazi y su hostilidad a la Iglesia Católica. Ratzinger fue testigo de verdaderos actos de represión contra el clero. Debido a esta difícil situación experimentada por su país durante la Segunda Guerra Mundial, y los valores inculcados por la familia, vinculó su relación con la religión cristiana. Cuando fue nombrado Arzobispo de Munich y Freising, eligió como su lema episcopal "de los empleados de la verdad". Dijo que "en el mundo de hoy casi en su totalidad omite el tema de la verdad, parece demasiado grande para el hombre, y todo se desmorona si falta la verdad". La palabra verdad siempre ha sido omnipresente en sus discursos. Pero la verdad es un valor complejo y en sentido religioso la verdad corresponde a menudo a las reclamaciones basadas en la tradición de sus antepasados, en las palabras de un profeta o un libro sagrado que sirve de guía a aquellos que lo creen.

Entre sus enumeras publicaciones se incluyen: Introducción al cristianismo, Dogma y revelación, Informe sobre la Fe, La sal de la tierra y la escuela de la verdad. Ya recibió numerosos doctorados “Honoris causa”.

La polémica llegó en sucesión. En las últimas elecciones en Brasil, Benedicto XVI animó a los obispos brasileños para guiar a los fieles en el turno de votaciones, "Cuando los derechos fundamentales de la persona o la salvación de las almas requieren, los pastores tienen el deber de emitir un juicio moral grave, incluso en cuestiones políticas ", dijo el Papa. Esta actitud fue considerada como inadecuada por parte de la clase política en Brasil y en todo el mundo, debido al momento político que se vivía. Frente a los casos de abusos sexuales por parte de algunos miembros de la Iglesia Católica, el Vaticano y su líder publicaron una carta que sirve como una disculpa. Esa carta se rige por las coordenadas del arrepentimiento, la curación y la renovación. En su más reciente visita al Reino Unido, vino a reforzar la disculpa "pienso en el inmenso sufrimiento causado por el abuso de los niños dentro de las iglesias por los sacerdotes." Y continúa "por encima de todo, quiero expresar profundo pesar por las víctimas inocentes de estos crímenes indecibles." Una visita a un país de mayoría anglicana, es un hito simbólico, tanto para la Iglesia Católica y el Reino Unido, como para las relaciones internacionales. Bento XVI habló recientemente sobre el fenómeno de la inmigración, diciendo que "los Estados tienen el derecho de regular los flujos migratorios y para defender sus fronteras, garantizando siempre el debido respeto a la dignidad de todas las personas".

Desde que fue elegido Papa ya ha realizado algunos viajes por todo el mundo. Brasil, Alemania, Polonia, España, Turquía, Austria, Estados Unidos (donde dio un discurso ante la ONU), Australia, Francia, África, Jordania, Israel y Palestina, República Checa, Malta, Portugal, Chipre y el Reino Unido.

Con una gran forma en el plano intelectual y con ideas fijas, el Papa de hoy tiene el reto de encontrar una respuesta a los escépticos. Teniendo en cuenta los cambios que el siglo ha impuesto y se imponen, más preguntas se plantean. De este modo se pondrá en evidencia la capacidad del líder máximo de la Iglesia Católica y será posible crear un perfil más consistente del 266º Papa elegido.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

As minhas pessoas fazem-me falta.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A mulher pensa em espiral, o homem em círculo

A mulher pensa mais. Nunca fui um homem, ou pelo menos não me lembro (como diz a teoria dos sonhos). Mas a mulher pensa muito. Muitas coisas e ao mesmo tempo. Não é por acaso que a mulher consegue fazer várias tarefas ao mesmo tempo e o homem não. Isto segundo um estudo qualquer. "O homem pensa em círculo e a mulher em espiral", foi esta a afirmação que me despertou mais interesse, entre muitas outras que tiveram lugar numa conferência de imprensa com um jornalista do jornal La Vanguardia. Resolvi concordar com a afirmação depois de pensar nela. Parece-me coerente. Disse ele que o homem é mais do tipo "ou é ou não é" e que funciona por hierarquias. Para o homem o essencial é estabelecer quem manda aqui. E o mandar nalgum lado tem um sentido muito amplo. A mulher é mais relacional e menos rígida (isso se excluirmos a minha irmã deste conceito). A mulher é de pormenores. Fica triste com pequenos gestos e contente com a pequenez de outros tantos gestos. Mas isto não é uma teoria sexista.Talvez eu até não me importasse de ser um pouco homem no seu sentido simplista. Seria tudo mais fácil. A vida seria um jogo de futebol, onde não se quer perder e o empate é o limite máximo do aceitável. Mas sou mulher. Penso até me cansar e adormecer. Escrevo até me cansar e adormecer. Amo até me cansar e adormecer. Canso-me até me cansar e adormecer. Vou dormir "meus queridos".

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Algumas reflexões do quotidiano

Ando há uns dias a reflectir sobre um certo e determinado assunto. Vou fazer uma introdução. Desde há uns anos que sou adepta de programas de entretenimento musical como o Ídolos ou a Operação Triunfo. Gosto daquilo. Gosto da competição, do facto de ser música ao vivo e de serem concorrentes jovens. Devo dizer que o ídolos com o passar do tempo superou em muito o programa da RTP apresentado agora pela Sílvia Alberto. Pela banda, pelos comentários sinceros de parte do júri (A brasileira só sabe ser simpática)e por mais coisas de que agora não falarei (não me lembro de mais nada também). Pois que a minha reflexão tem lugar agora. Tenho três amigas próximas que são pretas. Gosto muito delas, há que ressalvar. Duas delas vêem Ídolos assiduamente na minha presença, quer a edição anterior quer a do momento. E não sei bem porquê, mas os candidatos preferidos delas são sempre os pretos ou as pretas que entram no programa. Mas sempre. A amostra não é grande, é certo, mas acho que me permite adivinhar que isso seja uma regra. A pergunta que se impõe é a seguinte: não será isto também uma certa forma de racismo? Podem de facto gostar dos concorrentes. Podem. Mas não será coincidência a mais? Ou isto é uma forma não deliberada de racismo ou eu estou a ser radical e tudo se trata de um mero sentimento de familiaridade que advém de um mesmo tom de pele. Não sei. Mas a mim causa-me pensamentos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O atraso na mentalidade da mulher

Esta rapariga só não ganha "porque há mais carros cinzentos em Portugal do que em qualquer outro país da Europa"- frase original de Pedro Lopes, aqui adaptada. Falta de mentalidade, neste caso, das mulheres.

A minha irmã

As pessoas são diferentes. Enquanto cozinho, vou falar-vos da minha irmã. Que interesse tem a minha irmã? Pode ser como a vossa. Mas não é. A minha irmã é o extremo dos extremos. É teimosa por teimosia. E não é só aquela teimosia que é defeito menor numa personalidade. Quando ela marca uma pessoa, nem que essa pessoa faça o pino ela admite que a pessoa em causa tem uma certa ginástica corporal. Para ela existe o mau e o bom. O feio e o belo. O frio e o quente. Não existe o mais ou menos, o normal, o morno. Nesses pólos opostos ela encaixa as pessoas. E ou ela gosta ou ela não gosta. A minha irmã, muito raramente tem pessoas que lhe são indiferentes. É um ser complicado. Estuda enfermagem e eu entendo que seja a profissão ideal para ela. Porque ela gosta de mostrar frieza. Se ela mostrar frieza sente que tem uma certa superioridade. Sim, é mesmo isso. Se ela é má pessoa? Não se pode ser como ela e chegar a esse extremo. Para ela só existe uma verdade e tem que ser a dela. Comigo ela tenta ser a irmã mais velha. Sobretudo quando é para criticar. Sobretudo para me chamar fraca. A fraqueza a que ela nunca chamará humanidade. Em situações de crise ela consegue sempre surpreender-me. E porquê? Porque dorme como em qualquer outra fase da sua vida. Se ela chora? Sim, chora. Os motivos que a levam a chorar? Sinceramente não sei. Nem me recordo da última vez que o fez à minha frente. Não é prática corrente chorarmos na presença uma da outra. Mas apesar de tudo, é a minha irmã e gosto dela como gosto de um gelado com creme à Catalana.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O contrário de importância é...

Nem sempre estou certa da minha importância para as pessoas e isso chateia-me. Ser importante para as pessoas não significa que as pessoas tenham de me dizer "gosto de ti" todos os dias. Nada disso. Eu até nem sou muito exigente e aceito as formas mais codificáveis de demonstrar coisas. Há muitas vezes em que não há nada para descodificar. E eu quero que haja porque gosto de actividade cerebral. E de me sentir alguém para alguém. Vou ligar para a linha de saúde 24 e perguntar se isto tem cura.

sábado, 30 de outubro de 2010

Estar em casa o dia todo é muito triste

Ando seriamente desconfiada dos meus títulos. Há umas semanas a minha irmã mostrou a uma amiga as fotografias que tenho num site. As observações dessa amiga da minha estimada irmã limitaram-se a isto: "os títulos das fotos são muito chouchos". Das duas uma, ou as fotos são tão nulas que não merecem comentário ou os títulos são tão maus que merecem especial atenção. E para que este não seja um título absurdo vou directa ao ponto de partida. Hoje estive todo o dia em casa. Mentira. Saí meia hora para correr. Mas é triste na mesma. O ir correr foi a desculpa que me pareceu mais lógica para sair de casa às nove da noite. Mais lógica não direi...talvez mais sensata. Quando andava a correr pela Rambla del Brasil dei por mim a ir em direcção a um rio de gente. Adeptos do Barcelona. E depois senti-me espectacularmente bem. Afinal o Camp Nou é logo aqui ao lado da minha casa. E eu estou mesmo em Barcelona. Posso ir na rua e dar de caras com o Messi. Se der de caras com outro jogador qualquer não fará grande diferença na minha vida porque desconheço o resto da equipa. Sei mais alguns nomes, as caras é que não me aparecem no balão de pensamento. Mas só de saber que há essa possibilidade...o que devo chamar a isto? Parolice? Nãão. Choque de realidade? Talvez. Às vezes parece que estou num sítio qualquer. Que ninguém conhece ou ouviu falar. Um sítio que tem autocarros a passar a cada cinco minutos e que abriga pessoas que falam um idioma esquisito: o catalão. E muitos outros idiomas. Não tão esquisitos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Redland...reprovado!

Hoje reservei um pouco da minha tarde à crítica. Se atenuar, posso dizer que é uma crítica construtiva. E supostamente, essas críticas todos as aceitam. Não vou citar nomes. Vou apenas citar algumas frases. O Blogue que serviu de amostra às minhas próximas constatações é só isso mesmo, uma amostra. Haverá milhares ou milhões por aí à solta. Basta estar atento.

“ (As mães) é quem embirram com tudo e mais alguma coisa”. Deixa-me só dizer que as botas é não combinam com o casaco embirram. Não formam um bom conjunto no corpo. Se é que me entendes.

A vós que me ouvem”, ora aqui está o motivo pelo qual as pessoas optam por conjugar o vocês. Não sabem como se conjugam os verbos na segunda pessoa do plural. Aos nativos alfacinhas tal coisa ainda se perdoa. Há tolerância mínima para aqueles que dizem vocês e conjugam na terceira pessoa do plural, mesmo não sendo de Lisboa. Tudo o resto merece condenação sem direito a advogado de defesa. Se esta blogueira escreve “vós” é porque usa a palavra, se a usa e não há concordância com o verbo, temos um problema. Como sou uma incondicional eufemista, direi que estamos perante uma pessoa com limitações ao nível da inteligência. (Eu ouço/oiço, tu ouves, ele ouve, nós ouvimos, vós ouvis, eles ouvem). Cuidado para que não haja confusão com a conjugação do verbo haver. Há uns “H” de diferença.

“Qualquer coisa é motivo para eu rebentar! Já nem manter a calma resulta.
Que faço eu?!” Calma, ou rebentas ou manténs a calma. Já alguma vez resultou rebentares e manteres a calma ao mesmo tempo? É só um pouco complicado.

“Para se tirar um curso na área das artes, temos de fumar, ou suportar os outros a fumarem-nos para cima?”. Pequena explicação: o nos é um pronome reflexivo porque reflecte o implícito nós. A mim nunca ninguém me fumou. Foste cremada? Como se fuma uma pessoa? Para cima? Acende-se a pessoa com o cabelo no bico do fogão? Estou um pouco confusa já.

“ (1) A ignorância das pessoas, (2) a falta de civismo e (3) respeito, são uma coisa que me consegue espantar a cada dia que passa, e cada vez mais!”. Queres ajuda nas contas? A mim aqui só me espanta mesmo uma coisa: TU. Peço desculpa.

“Estava a sonhar que milhares de ratos estavam em cima de mim, a atacar-me!
Eu sei, só sonho com coisas estranhas.” Quantos ratos eram mesmo? Um? Desta vez não soubeste contar ou conjugar? Posso escolher? A mim palpita-me que os teus sonhos são ainda assim o teu forte.

Fico-me por aqui. Se alguém quiser criticar, que seja alguém que perceba espanhol, porque segundo me consta, assassinei a língua naquela minha tentativa há uns posts atrás.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dias na incógnita

O título é apenas a tradução de algo muito particular que tenho sentido. Mas não há ninguém com quem possa falar do assunto. Nada de muito trágico, acho. Talvez deva ser mais clara quanto aos assuntos aqui publicados. Mudando de assunto. Hoje foi um dia normal. Aulas de manhã, passear um pouco à tarde. Um pouco ou até bastante. As minhas pernas já clamavam por repouso. Mas estive num sítio muito bonito de onde tive um pouco a noção das dimensões da cidade. Foi um passeio onde havia paisagens verdes. Foi tranquilizador. Comi um Kehbab. Gosto muito.Gosto mesmo muito. Há ainda outra coisa de que me lembrei em conversa com a amiga Raquel. Se as pessoas gostam de uma música porque a metem como música do despertador? É quase um crime. Ela, a Raquel, falava-me que gostava de uma música e eu disse que não gostava. E porquê? É precisamente o toque de despertador da minha colega de quarto. Todos os dias aquela santa musiquinha toca. Umas vezes às seis e meia da manhã e outras às oito e meia. Descansa ao sábado e ao domingo e regressa sempre na segunda. Não dá grande descanso.Um conselho: Não se devem estragar músicas, tornando-as o símbolo da obrigação a cada manhã que passa. Outra coisa que hoje me fez pensar foram as palavras do professor de jornalismo internacional...dizia ele que por vezes o jornalista tem a mania de achar que as suas opiniões são muito importantes e que aquilo que escreve é muito interessante. Não sendo eu uma jornalista mas ambicionando sê-lo, será que estou a cair no erro com este blogue? Lembrei-me, mas vendo bem as coisas, ele trabalha no Vanguardia e isto aqui é um blogue com 400 e poucas visitas. Talvez ele estivesse a falar de coisas mais a sério. Hoje não estou muito inspirada. Os meus seguidores que me desculpem.

sábado, 16 de outubro de 2010

Remetente: Letícia Alexandra Neto

Hoje acordei com uma vontade invulgar de me levantar. Pode dizer-se que estou numa boa fase da minha vida. Sinto-me apaixonada. Pelas coisas, pelas pessoas que estão longe. Senti-me o ser mais feliz do mundo porque fui caminhar logo pela manhã e senti a brisa fresca nos meus braços desnudados. Senti-me leve. Vi-me nos vidros das montras da rua e senti-me bonita. Fui aos correios enviar uma carta à minha mãe. Burocracias. Enviei algumas fotografias que tirei em Barcelona porque sei que não é assídua seguidora do Facebook. Sei que vai gostar. Algumas palavras óbvias se juntaram a esses fragmentos testemunhais da minha vida nas últimas semanas. Óbvias mas naturalmente sinceras. Para quem não sabe, tenho três irmãos e um deles é o Rafa. O mais mini de todos. Fiz questão de referi-lo nessas minhas palavras. O Rafa é o preferido de todos nós. Entrou nas nossas vidas há quase seis anos quase como um intruso indesejado e tornou-se naquele por quem todos temos saudades e ansiamos chegar a casa. É ele que sorri sempre e abraça como ninguém. Se estiver disposto a isso, que nem sempre acontece. É a pessoa que me faz ter a clara noção do que é ter saudades. Bem, mas a vida continua e continua bem. Depois do meu já referido passeio matinal, regressei a casa. Tudo isto na mais desfrutável das solidões. É muito bom ter momentos a sós. Sem ter que responder ou acompanhar o raciocínio de alguém enquanto caminhamos pela rua. Ter o caminho livre para as divagações mais pessoais que possam ocorrer durante o percurso que se fizer. Quando fui imprimir as fotografias e um trabalho, fui atendida por um senhor de meia idade que sorria constantemente. Eu penso sempre que mal eu abro a boca e as pessoas pensam “a falar tão bem o espanhol, deves ser polaca”. Talvez polaca não, porque me falta o loiro esbranquiçado. Mas outra coisa qualquer. Aos professores explica-se logo desde princípio que sou de ERASMUS e às outras pessoas que sou portuguesa e que não falo muito bem espanhol. Ao que as pessoas respondem simpaticamente que percebem perfeitamente. Dois advérbios de modo seguidos é abusar, mas agora não apago. O senhor que me atendeu hoje, também não foi excepção. Disse que compreendeu tudo o que disse e que tinha sempre de tentar falar para ficar no ponto. O mais fixe é que me é permitido dizer “Bom dia”, que ninguém repara que não é em Catalão (que se escreve “Bon dia” e se diz da mesma forma que em português). Digo bom dia como se estivesse em Portugal e eles pensam que estou a falar em catalão. Mas não. E engano-os assim. E pelo menos de manhã, sou brindada com o costume da realidade portuguesa. Agora vou às compras.

domingo, 10 de outubro de 2010

Museu Picasso

Hoje fui ao Museu Picasso. Balanço geral: Que seca! Não fui talhada para aquilo. Não tenho o requinte e o estatuto necessário para saber apreciar tamanhas obras de arte. Vi os primeiros quadros com algum entusiasmo, mas esse entusiasmo foi diminuindo à medida que as minhas pernas iam cedendo ao cansaço. Até que me sentei. E até havia bancos para isso. Pelos vistos, não sou a única que me canso e portanto fico mais descansada. Nessa minha visita fui acompanhada pela Vanessa, a habitual colega de ERASMUS e outras duas portuguesas do Porto que também vieram passar uns meses em Barcelona. As raparigas do Porto, como não as conheço, não consegui decifrar nenhum tipo de observação quanto ao meu notório desinteresse. Já a Vanessa, que conheço melhor, dirigiu-me um certo tipo de olhar. Aquele olhar que diz "és mesmo ignorante, abre os olhos que estás no museu do grande Picasso!". Mas eu não me senti muito incomodada. Sinceridade e espontaneidade acima de tudo. Quase duas horas se passaram naquele passeio gratuito e enfadonho. Gratuito porque hoje não se pagava. Ainda bem...se pagasse para me sacrificar mais valia pagar para ir ver o Papa. Já agora, o Papa vem a Barcelona.

sábado, 9 de outubro de 2010

Olá a todos meus queridos...

Hoje titulei o meu texto assim. E faço questão de explicar o porquê. Não é porque eu use a expressão no meu dia a dia, como aquela minha tia de Lisboa que tem um Smart e conduz perigosamente. Tem quase oitenta anos, usa óculos e dá catequese. Tem desculpa. Já divaguei. Bem, eu usei a expressão "meus queridos" porque li hoje várias vezes num blogue alguém tratar assim os seus possíveis leitores. Tenho uma coisa a dizer sobre isso. Se calhar várias. Mas numa palavra direi apenas: (atenção) JAZUZ me guarde e me acompanhe. Olha, afinal é uma frase e já não é só uma palavra. Mas tenho a certeza que no dito cujo blogue esta falha de concordância passaria em branco. Como tantas outras vi passar. Se há coisa que me chateia, são os atentados vorazes ao português. Que mal fez o português às pessoas para ser chacinado em praça pública? Se as pessoas querem fazer esse tipo de atentados, que o façam caseiramente. Que só os pais tenham a honra de presenciar, sem punir, tais actos criminosos. É, hoje acordei com uma causa em mãos. Defender a língua portuguesa como quem defende a reciclagem. Mas na minha causa há uma vertente mais nacionalista. Espero não ter leitores que me interpretem mal, mas se interpretarem, que não fiquem preocupados porque não ofendo ninguém. Nunca vos insultarei com termos como "meus queridos". Sim, porque eu nem sei quem está aí a ler. Não deve ser muita gente, mas a que for eu não sei ao certo quem é. E portanto não vos vou enganar a chamar-vos nomes queridos como forma de vos coagir a não perderem de vista este meu espaço algures na aldeia global. Isto tudo para dizer que todos podem errar. Como diria a Diana. Não, não é a princesa. É a Diana de Monção. Sim, até eu posso errar. Mas uma coisa é errar a primeira vez ou até a segunda, e outra bem diferente são os erros sistemáticos e variados. É que às vezes para além dos erros sintácticos vêm os erros semânticos, as frases sem sentido. Vou buscar uma a título de exemplo. Um momento. Desisto. Não quero ferir susceptibilidades. No fundo sou uma pessoa sensível. Ah, aviso já que não tenho o hábito de ir a blogues. Assim sendo, se alguém estiver a ler isto na esperança que eu me converta a blogueira do tipo troca directa, lamento mas é pura perda de tempo. Ide todos a WWW...não digo. De certeza que isto de que falo não vos é estranho.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Há coisas complicadas, serei eu uma delas?

Como disse, há coisas complicadas. Eu por exemplo sinto-me muitas vezes um ser complicado. Cheio de quês e porquês. Há fases da minha vida em que estou um pouco pior que complicada e há outras em que activo o Tarifário UZO e tudo parece ficar descomplicado. Muitas palavras para nada dizer. No fundo é isso. Apetece-me escrever porque aqui escrevo para mim. Não corro o risco de ser entendida com o tom errado e levar logo com uma má resposta. Escrevo para ver se entendo melhor o que acontece. Bem, tudo começa porque no fundo sou uma pessoa sensível, embora muitos não o saibam. Choro com facilidade, sorrio com igual facilidade. Basta que algo ou alguém toque no meu ponto de empatia. O que nem sempre é fácil. Muitas vezes dou por mim a criticar a minha falta de abertura com outras pessoas, que não aquelas já infiltradas na minha rotina. Por exemplo, a Vanessa fala e fala e fala que é uma coisa impressionante.Sorri com facilidade ao desconhecido, não lhe faltam as palavras para qualquer primeiro diálogo. Eu não sei o que dizer, não sei esboçar sorrisos só porque pareceria mais simpática, não me esforço para ser simpática. E porquê? Não sei. Talvez por pensar que aquilo tudo me é dispensável e que já abri a porta a todas as possíveis personagens da minha vida. Mas eu sei que não devo ser assim. Tenho 20 anos e uma vida para viver. Talvez seja uma pessoa um pouco retrógrada, desconfiada ou exigente. Muitas das vezes mal uma pessoa abre a boca e já estou eu a fazer juízos de valor, baseada em critérios absurdos que eu mesma criei. As pessoas não têm que seguir o protótipo que eu delineei para gostar delas. No fundo eu sei, mas no fundo(também no fundo!) não cumpro com aquilo que sei. Isso tudo faz com que eu fique muito dependente das poucas pessoas que deixei entrar mais a fundo no meu círculo. E ficar dependente é sempre mau. Tal como é mau alguém ficar dependente de terceiros para se locomover. Eu fico dependente dos outros para ser feliz. Acontece muito com a minha mãe, por exemplo. E não só. Isso leva-me bastantes vezes a deixar de lado o orgulho (que muitas vezes teria fundamento) e a tentar resolver as coisas assumindo-me como culpada. Directa ou indirectamente. Através de expressões carinhosas, gestos e até explicações exaustivas. Exaustão também é uma palavra que se adequa ao dia de hoje. Talvez mais até que só ao dia de hoje. Muitas vezes penso se serão as coisas naturalmente complicadas ou se sou eu que insisto nessas coisas complicadas. Talvez tenha medo da pacatez da simplicidade. Mas ninguém consegue viver eternamente no caos da incerteza e da dependência sentimental.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Beijinhos. Rafael.


Mais um dia na Europa. Espanha. Barcelona. Rambla del Brasil. Do bairro não sei o nome. Posso dizer que estou a gostar cada vez mais de estar aqui. Neste lugar onde há lojinhas de fruta a cada esquina. Como uma manga, depois pão com cheiro a fresco...e tudo sem ter que arranjar um objecto sem rodas. E isto é só uma ínfima parte do que é estar aqui. Apesar de ter chegado há pouco mais de uma semana e de me sentir encantada, parece que estou há mais tempo do que na realidade estou. E hoje sentimentalizei inesperadamente. Recebi uma carta de Portugal. Sabia que ela chegaria, mas não hoje. E não imaginava que viesse com extras. Para além do meu novo cartão(que não sei bem se é de crédito, de débito ou de outra coisa qualquer), vinha uma folha de linhas. Nessa pequenina folha vinha um desenho muito precoce e letras virgens de um ser de cinco anos que aprendeu a escrever RAFAEL há pouco mais de meses. "Beijinhos" escreveu ele. Talvez tenha sido ensinado na creche. Não sei qual foi o processo de fabrico daquela sua obra de arte que para mim vale mais que o Guernica do Picasso ou a Sagrada Família de Gaudí. Obras citadas pela proximidade do momento. Quando tirei a carta do correio, que afinal não precisava de chave para ser aberto, fiquei satisfeita. Finalmente tinha ali a minha liberdade económica que vinha sendo compensada com a amabilidade da Vanessa. Entrei no elevador e depois de apalpar as formas do cartão, rasguei o envelope. No espelho apareceu com certeza um sorriso rasgado. De seguida, a torneira ficou mal apertada e saíram aqueles pingos que a longo prazo contribuem para a conta da água lá de casa. Entrei em casa e mostrei à Vanessa. Ela perguntou como quem responde se ia começar a chorar. Porque choram as pessoas quando não estão tristes? Choram porque chorar é uma forma de transbordar coisas para o lado de fora. Nas minhas talvez tenham saído algumas saudades. Não sei. Não sei qual é a relação entre os meus líquidos corporais e as minhas emoções...mas haverá uma constância de correlações que a Psicologia ou outra ciência qualquer poderá ter já dado resposta. O meu ponto fraco na realidade são dois. As pessoas que gosto e o nervosismo agudo. Chorar é bom se não for apanhada a fazê-lo. Mas se for apanhada e estiver a choramingar por razões como a de hoje, então vale a pena o risco. Há pessoas especiais em todas as vidas. Na minha também. E não é só o Picasso de palmo e meio.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

En España, español se habla…en Catalunya no lo sé.

Estoy en mi casa acostada en mi cama. Vanessa está durmiendo aquí al lado pero no escucha el ruido de las teclas. Hoy decidió escribir en Español para ponme a prueba. Sin embargo tengo el Google Traductor para mi ayudar. Comillas. Hoy voy hablar de una moda llamada comillas. Que también se pueden llamar cotizaciones. Pero yo prefiero llamarles comillas. Se hizo popular decir “entre comillas” por cualquier razón. La expresión es siempre acompañada del gesto de las manos que todos nosotros conocimos. A mí me molesta bastante. ¿Por qué? Yo lo explico. ¿Para qué sirven las comillas? En Periodismo sirven para distinguir una citación en el texto periodístico que no sea la entrevista donde las personas hablan en la primera persona. Pero sin ser en periodismo, las comillas se utilizan para decir algo con palabras más suaves o en juegos de palabras. ¿Entonces por qué no se llaman las cosas por su nombre y se evitan las comillas innecesarias? Menos dudas y más claridad en la comunicación…es mal? Nuno Crato escribió al respeto de comillas: “No fim-de-semana passado, visitando um museu dos arredores de Lisboa, li que a vila «adquiriu um novo ‘rosto’ com a reconstrução efectuada». Tropeça-se na palavra e fica-se na dúvida: por que se encontra «rosto» entre aspas? Imagina o autor que alguém pensaria que as vilas têm cara - cara com olhos, nariz e boca - e resolveu por isso explicitar que não era desses rostos que se tratava? Então para que servem as aspas?”. No lo sé, pero las personas no son culos que no saben descodificar metáforas. El título no se pone mucho pero no pasa nada. Yo me quedo por aquí. Hasta la próxima.

domingo, 26 de setembro de 2010

en buca de una habitacion

Da grande janela ao meu redor avisto um amontoado de prédios. As nuvens povoam o céu de Barcelona. O sol espreita por entre elas e eu espreito-os a todos eles. Elementos da Natureza que parecem coabitar forçosamente com o ambiente citadino. Cheguei há cinco dias, mas se não o soubesse diria que vivi aqui a minha vida toda. Os primeiros dias foram intensos e a sensação que tenho é que passamos o tempo todo no metro. O que nem sempre é mau. Dá muito azo à imaginação. Tento adivinhar a nacionalidade pelo aspecto físico, o emprego, a personalidade…e já detectei palavras em português. É bom, soa muito a familiar. No MC Donalds os copos de coca-cola também tinham legendas em português. Eram em Espanhol e Português. O que me pareceu estranho, mas ibericamente aceitável. Até ontem à noite detestava Barcelona. E porquê? Porque não é fácil arranjar uma casa decente neste lugar sem se ser milionário. Mas milagres acontecem e ontem quando todo o esforço parecia em vão, encontrámos um lugar para ficar. Foi ver e aceitar. Mudámo-nos logo. Com as voltas todas que demos en busca de una habitacion, acabámos por ver alguns dos locais míticos de Barcelona como quem vê uma ovelha na Covilhã. Com alguma naturalidade. Já percorremos as famosas Ramblas, vimos uns edifícios famosos cujo nome não me lembro (segundo o meu guia, casa Milà ou La Pedrera e mais umas quantas), a Sagrada Família do senhor Gaudí e mais coisas de que agora não me lembro. Apesar do cansaço fomos às festas pelas ruas da cidade e hoje fomos passear pela praia de Barceloneta. Até ao momento tenho a dizer que é bom ter una Gelatería a cada esquina e que depois de arranjar casa isto é o paraíso da variedade. E o resto fica para depois.

domingo, 1 de agosto de 2010

Caracol Real - Falsa publicidade

Depois de dias a fio sem escrever, aqui estou eu para o fazer de novo. Dias já se passaram depois de tudo o que de mau se passou na minha vida, não muito longínqua. Algumas coisas permanecem e outras nunca mais serão as mesmas. É cliché dizer-se que as coisas más nos fazem crescer, mas eu já o comprovei. Crescer não digo, mas tornaram-me menos vulnerável no sentido em que estou meia anestesiada para tudo o que possa vir. As férias já vão a meio e eu comecei a trabalhar há uma semana. Trabalho no “Caracol Real”, marca muito conceituada que até patrocina o Cinco Quinas. Passo os dias a encher baldes de caracóis, meter molho, carimbar potes, baldes e a ouvir expressões como “São dez de frescos!” ou “agora é uma palete de congelados para a Suíça”. Mas estou a gostar. Pessoas novas, vozes que falam, vozes que ordenam, vozes para tudo e para nada. Lá, ganhei o cognome de “A Princesa” e sinceramente não me importo nada. É o nome mais simpático que por lá se ouve. Fui recebida como são recebidos todos os caloiros, houve curiosidade em saber-se um pouco de mim e eu vou satisfazendo essa necessidade aos poucos. Há bastante sentido de equipa ali. Todos ajudam a todos. Todos me ensinam coisas. E são todos muito diferentes. A patroa não é o protótipo de uma patroa. Já o patrão é muito exigente e está sempre de vigia. Resumindo, nesse campo as coisas vão bem. Tirando algumas mazelas corporais, claro. O resto não sei. De saúde, está tudo bem e este ano a gripe A já não é moda. Sim, porque eu tenho o orgulho de ter sido uma das contempladas com esse virusinho maléfico. No amor as coisas estão no nível zero. Nada de novo. Nada a dizer, tudo a sentir. Estou mais cheia, depois do meu emagrecimento repentino e indesejado. Sinto-me mais atraente e isso é bom para o ego. Ego esse que acaba de recuperar de sucessivos atentados. Entretanto já morreram o Saramago e o António Feio. Portugal perdeu com a Espanha no Mundial, o Maradona ficou triste por a Argentina ter ido para casa antes do dia da final, o Cristiano Ronaldo recebeu a encomenda, a Fátima Lopes saiu da SIC e o Marco ganhou o Achas que sabes dançar. Muita coisa se passou no mundo inteiro. Muitos carros percorreram o percurso França – Portugal e muitos ainda o farão nos próximos dias. Uma das minhas superiores no trabalho esteve a morar muito tempo na Alemanha. Vejo nela aquela atitude de querer produzir sempre mais do que no dia anterior, espírito que me parece um resquício da fase hitleriana. Lembrei-me agora porque se diz que os portugueses são preguiçosos. Em Portugal. As coisas para a minha ida para Barcelona estão a ser encaminhadas e já ando a contar os dias. Já começo a sentir o friozinho da ansiedade. É o plano mais aguardado dos últimos anos. Vou deixar tudo para trás e viver para mim. Vou sentir saudades, coisa que me apetece ter. Também quero ter a sensação de que as pessoas que ficam vão dar pela minha ausência. Levo a minha Canon, a minha mala de rodinhas com o casaco preto de inverno e pouco mais será preciso. Levo a carteira na mala de mão, levo-te a ti na mala do coração. Isto está a ficar com um toque romântico e é melhor acabar já com este textinho. Saúde.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ausência

Não tenho escrito. Mas tenho tido bastante vontade. Já estou de férias e sem quase nada de obrigatório para fazer. Nunca estive tão confusa quanto a opções de vida. A minha cabeça neste momento é um autêntico emaranhado de coisas. Não estou triste mas também não se pode dizer que esteja feliz. Sou quase um ser inanimado. Não ter nada para fazer, no meu caso, é perigoso. Não sei bem como lidar com o nada. Sou uma insatisfeita. Há dias morreu o Saramago. Um senhor ao que sei. As avós não gostavam muito dele. A minha disse que era ruim. A do Pedro disse que agora é que ia ver como são as coisas. Isto porque o homem não acreditava na existência de um Deus bondoso, tal como é concebido pela Igreja e grupos religiosos. É um homem estranho para os da sua geração. Era. Sou um pouco ignorante no que toca às suas obras, porque depois do Memorial do Convento dado em aulas, não fiquei desperta para ver mais. Estou agora profundamente interessada em ler Caim. pela polémica que causou. Ler ao sol para ganhar alguma cor nesta brancura enfadonha que é a minha pele. Em breve saberei que vou fazer nos próximos dois meses. Se trabalhar a part-time vou ter que ir pedir para as ruas, se não em Barcelos (nome que substitui Barcelona para não parecer que já não me calo com isso) só posso almoçar. Para jantar, falta de verbas. Muito falo eu em Barcelona. Como se isso fosse resolver tudo o que parece não ter solução. Vou, mas levo os pensamentos comigo. Vou e levo um aperto por deixar pessoas para trás. Que certamente não estarão quando eu voltar. PessoaS? Sem S talvez.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Há sempre Alguém...

O grande problema é que não tenho sono. Já inventei de tudo para passar tempo porque já me deitei entre almofadas e lençóis. Já mandei mensagens a meia lista telefónica. Já meti música nos ouvidos. Agora, ao som de Rui Veloso, vou escrevendo ao ritmo das batidas. Amanhã tenho teste de Espanhol. Hoje tive baralhada e afundada naquilo que consegui reunir ao longo do curso. Verbos e mais verbos. Os espanhóis, tal como os portugueses, gostam de expressar as acções. Sin embargo, para mim as parecenças tornam tudo muito complicado. A minha táctica é ir um pouco pela intuição que tantas vezes já me atraiçoou. Uma vez escrevi de uma maneira um qualquer verbo e fui questionada sobre o porquê de ter escrito assim. Eu respondi “porque me soou melhor assim”. E a professora com toda a calma do mundo perguntou em forma de resposta: “e tu já tens estatuto para te soarem coisas?”. E não. Só me restou reduzir-me a um sorriso abreviado e ao silêncio. Desta vez, vou guiar-me pela nublada memória fotográfica que me ficou do que fui vendo hoje. Em cinco meses de Espanhol, não posso dizer que sou perita, mas talvez dê jeito e até ganhei algum gosto pela língua de nuestros hermanos que até então pouco ou nada me dizia. Não conhecendo muito, não sou particularmente curiosa pela cultura espanhola como um todo. Interessam-me partes. As metropolitanas. Touradas e Mano Chao não me interessam. Mudando de assunto. Hoje acordei com uma mensagem especial. De alguém muito importante. Alguém cuja importância descobri um pouco tardiamente. Essa pessoa, atenta, estava no nosso quarto o tempo todo. A observar-me. Silenciosamente. Sem saber, partilhava com ela a minha vida. Chama-se Sara e não foi uma simples colega de quarto. Pessoa convicta nas suas ideias, teimosa, atenta nos detalhes, perfeccionista, estudava como se não houvesse um amanhã para voltar a estudar tudo de novo…a Sara. A Sara foi muitas vezes um espelho para mim. Partilhámos histórias de vida com semelhanças inacreditáveis, desde logo pelo número, idade e género de irmãos. Mas muito mais. As nossas conversas alongavam-se muitas vezes sem darmos por isso. Porque o lugar comum é um foco de interesse. Nós temos muitos. Não chegámos a ter uma despedida formal. Até porque seria doloroso. Ela ainda não sabe se faz mestrado e mesmo que faça, não voltaremos a ser colegas de quarto. Ou muito dificilmente. Porque eu estarei em Barcelona e quando regressar, ficarei onde houver espaço para mim. As circunstâncias serão certamente outras. A última vez que nos vimos, foi quando a fui levar à paragem de autocarros. Ela disse que ainda nos veríamos e que portanto não era preciso formalizar nada ali, naquele momento. Cada uma seguiu o seu caminho. A mensagem de hoje foi uma despedida disfarçada. Continuaremos a falar. Mas havia um capítulo para encerrar. E o que dizia a mensagem? Para além de constatar a nossa não-despedida, dizia que talvez tenha sido melhor assim. Entre palavras, a mensagem acabou com a frase que marca um pouco a nossa amizade “Haverá sempre alguém”. Tal como eu, ela é boa em metaforizar. Ao longo de dois anos, tivemos uma única discussão. E porquê? Pela disposição do quarto. Tudo para ver quem vestia as calças naquele quarto. Vestimos as duas, mas eu às vezes visto saia e ela não larga os pantalones vaqueros. É desta forma avacalhada que os espanhóis dizem calças de ganga. Sem obrigados, obrigado Sara Figueiredo. Não, ela não morreu. E sim, ela lê com assiduidade o meu blogue. Mas nada disto é um acto bajulador. É apenas uma vontade de expressão pelo que senti esta manhã quando li a mensagem.

Casamentos

Casamentos. Não posso dizer que sou anti-casamentos. Há uma lógica irracional nos casamentos pela Igreja. A fé e a religião em si são isso mesmo, irracionais. Acredita-se porque se acredita. Porque sonham as pessoas casar-se pela Igreja? Será que a união de duas pessoas que se amem é mais forte quando é marcada por um dia em que se decidiu ir à Igreja atestar esse amor? Será que há assim tantos crentes escondidos nas suas casas? Será que é por se acreditar que um amor na casa do Senhor dura mais que um casamento APENAS mental? Ou um casamento civil? Todas estas questões embora sejam pertinentes ao caso, são de certa forma escusadas. E porquê? Porque é do conhecimento público e geral que os casamentos pela Igreja arrastam consigo tradições (a que eu chamaria de rurais) e isso sim, é o fundamento do acontecimento. Na grande maioria das vezes. Mostrar-se a familiares e amigos que há bonitos arranjos nas mesas, que nunca se viu um vestido de noiva tão caro ou extravagante e que as mesas estão fartas. Nos últimos tempos, dois convites de casamento chegaram às minhas mãos. Irei a um deles. No meu caso, ir a um casamento assim é bom porque é motivo para calçar saltos altos. Descobri há tempos a sensualidade que uns sapatos altos podem dar a uma mulher. Também comprei um vestido e tratei de todas aquelas futilidades femininas que tornam a mulher um ser atraente e diversificado. No papel de convidada, o casamento parece-me bem. Gosto das sobremesas, nem que as saboreie apenas com o olhar, gosto de ver como as pessoas se prepararam para tal evento e gosto de ver sapos tentarem transformar-se em príncipes e princesas. Normalmente em vão. Mas a meio já estou mais que farta das observações. Eu no papel de noiva é que já não me parece tão bem. Não gosto muito do cheiro da Igreja, não me dou bem com formalidades ou mariquices. Gosto que olhem para mim mas não gostaria de ser o centro das atenções durante um dia inteiro, em que estaria enfiada no desconforto de um vestido branco. É uma ideia de conto de fadas que no meu caso só seria bom no imaginário. No entanto acho bonito ver duas pessoas sintonizadas selarem o acordo de formar família. Casar para mim tem uma implicação maternal e paternal. Casar é mais um assumir de vontades de formar família. Também se pode ter filhos sem assinar um papel antes…mas não é bem a mesma coisa. Gosto da simbologia da aliança. Acho lindo quando essa simbologia tem uma real correspondência. Materialidades? Em muitos casos serão, mas eu sou uma romântica.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

http://www.urbi.ubi.pt/_urbi/pag.php?p=7998

Pura poesia do dramatismo

Um dia serei feliz e não mais voltarei a chorar. Prometi que começava há duas semanas atrás, mas descobri que não depende da minha vontade. Depende do efeito do tempo, do sol, da chuva…coisas sobre as quais não tenho o poder de comando. Mais um dia em que estou triste. Também melancólica…em breve ficará para trás uma Covilhã que já me viu ser feliz e uma Covilhã que já salguei com as minhas abundantes gotas salgadas. Um dia, uma outra Letícia voltará. Cheia de vida para dar e com coisas mais interessantes e menos pessoais para falar. Fiz uma rima.

A amizade pode ser passageira?

Tenho 20 anos e posso dizer que já vivi muita coisa no que respeita à amizade pura e dura. Muitos foram os que passaram e poucos são os que ficam. Os amigos que estão e estarão sempre presentes, são poucos. Amigos sentem saudades. Eu tenho saudades. E tenho uma grande dificuldade em cortar relações com as pessoas, mesmo quando eu já não tenho significado importante nas suas vidas. Não o significado que costumava ter. Há o caso da Rita e posso falar nele sem qualquer problema. Toda a fase do secundário tive uma amiga que se chamava Rita. Era a minha companheira das aulas, dos intervalos, das horas de almoço…de tudo um pouco. Costumávamos comer M&Ms nas aulas de Matemática às sextas à tarde. Para dar açúcar ao intelecto. Era bom e tenho saudades. Era uma amiga. Agora, por circunstâncias académicas, ela está na Guarda e eu na Covilhã. Ela em Marketing e eu em Comunicação. Estamos perto, mas estamos longe. Raramente falamos e quando falamos é porque eu lhe digo alguma coisa e ela não tem como escapar e responde. É mais ou menos isso. Com a Mara foi mais cedo. Era a minha amiguinha desde o quinto ano e fomo – nos afastando até que ela encontrou a metade da laranja e deixou de haver espaço para mim e ao que parece, para outras amizades dela. A última vez que a vi foi num funeral e parecíamos duas estranhas, cheias de formalidade e distanciamento. Tenho pena. Tinha também um grande amigo. A nossa amizade começou por mensagem e de forma muito particular. Houve uma carta que ele me mandou e que dizia uma coisa que ficou memorizada quase inconscientemente. Dizia mais ou menos isto “Quero a tua amizade. O resto, se vier, que venha mas sem estragar essa amizade.” Pois, o resto veio. Veio e agora foi. E com esse pequeno acrescento que foi o amor, foi também a amizade. Eu tentei e tento todos os dias ser amiga dele. Conversar com ele é diferente de conversar com qualquer outra pessoa. Ou costumava ser. Porque agora eu sei que não tenho aquela importância toda que costumava ter. Os meus problemas, alegrias, conquistas e tudo isso, deixou de ter interesse. A amizade parece-me apenas uma ideologia temporária. Amanhã acontecerá com esse meu amigo aquilo que aconteceu com a Mara e com a Rita. Seremos apenas estranhos conhecidos. E isso causa-me estranheza. Ver desaparecer pessoas que foram e serão sempre muito importantes para mim. Eu sei que isso acontece todos os dias a todas as pessoas no mundo…mas a mim causa-me estranheza e bastante tristeza. Sou uma pessoa que não se abre a toda e qualquer pessoa. Depois, qualquer perda é extremamente dolorosa. Espero que todas estas perdas sirvam de lição para o futuro. Espero ter a capacidade de não me envolver tanto.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mary J. Blige, U2 - One



Gosto muito desta música com esta junção que acho perfeita.

As pessoas

As pessoas. Há pessoas e pessoas. Muitas pessoas. Todos os dias parece haver uma diferente que passa por nós na rua. Ou que vai fazer compras ao Modelo e te observa atentamente. Ou que está nos serviços sociais onde tu também estás. A complexidade das pessoas é algo espectacular. Desde os seus particulares traços físicos ao conteúdo mais incógnito. Não é por acaso que se diz “não há duas pessoas iguais”. No mínimo há pessoas parecidas e no máximo há gémeos. Ontem estive a ser observada por um velhinho que foi fazer um grande favor ao neto. O favor foi passar quase três horas para entregar papéis nos serviços sociais da Universidade da Beira Interior. Tal como eu estive. As coisas lá funcionam a passo lento e eu soube desde logo o que me esperava. Alguns minutos depois de eu ter entrado, entra um senhor de idade generosa, com a pressa de quem está atrasado para apanhar o último comboio do dia. Apressado, sem saber para onde se virar. Era só miudagem com má cara, a fazer filas algures. Estava claramente na selva que são os sociais. Alguém o alertou para o facto de ser precisa uma senha. Como uma criança irrequieta procurou pelas senhas que deviam estar no interior daquele objecto vermelho que se pendura nas paredes. Mas já não havia senhas. Nunca houve, nem era preciso. Dirigiu-se a mim. Tratou-me por menina. Perguntou-me se era a última. Era mesmo. A partir daí, nunca mais saiu de trás de mim, como se fosse perder a vez se deixasse de ocupar o lugar simbólico na fila. Eu não sou uma pessoa do tipo faladora e em circunstâncias como essa limito-me ao género pergunta - resposta. Ao contrário de outro senhor (pelos vistos pai do único aluno que já fez exames de melhoria este ano) que se encontrava por lá e era o puro charlatão. A caricatura exagerada do puro charlatão. Essa figura levava consigo um Correio da Manhã. Ia lendo e comentando como se fosse um grande entendido na matéria. Em qual matéria? Todas. Política sobretudo. Coitado do que lhe desse conversa apenas com o olhar. Dizia frases brejeiras que prefiro não mencionar. Tinha uns daqueles óculos todos espelhados que levou para fazer charme. Na minha linguagem, era o puro tarrento. Sapatos rotos, camisola de bombazina desbotada. Talvez tivesse bigode. Mas bem. Voltando ao mais velhinho que era já um pouco meu amigo, mesmo sem nada falarmos. Era um senhor bem alinhado, usava óculos, camisa bem passada e umas calças e sapatos que combinavam consigo. Eu olhava para o telemóvel na expectativa que alguém me tirasse daquele mundo enfadonho da espera. Mas nada. Ninguém sentiu que estava a precisar de conversa. Encontrei por lá o Roberto de Cinema. Fizemos um pouco de conversa de circunstância e recolhi-me de novo ao silêncio e à cabeça cabisbaixa. A certa altura ele até me perguntou se estava bem. Eu estava completamente normal. Farta da espera, mas normal. Talvez o meu normal ande cabisbaixo, não faço ideia. Quando finalmente chegou a minha vez de ser entendida, entrei com o avô do neto preguiçoso. Quando estava a ser atendida e como de costume, o senhor Fernando dos socais meteu conversa. Disse que estava com má cara e foi aí que o senhor a seguir a mim na fila interveio. Disse que eu estava triste desde que me viu e queria de algum modo que eu me explicasse. Eu disse que estava apenas cansada, que o meu dia tinha começado às cinco da manhã e que estava farta da longa espera. Mas isso parece não ter sido suficiente. E insistiu. O senhor Fernando insistia em dizer o habitual “só está triste até me ver” e depois desta “vê? Já a fiz sorrir!”. E eu sorri por me sentir coagida para tal. Depois de tudo digitalizado e da sensação de dever cumprido, saí. Estive a ser observada pelo avô, pensei eu.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um dia de sol lá fora

"Fartas - te de escrever", disse-me a Raquel. E é verdade que tenho escrito muito. Mas não me farto. Agora é um prazer. Uma necessidade. Gosto mesmo de escrever. Um dia quero ser uma jornalista reconhecida. Não quero ser a próxima Manuela Moura Guedes, mas gostava que o meu nome fosse familiar a muita gente, daqui a uns tempos. Reconhecida pelos motivos mais nobres do jornalismo. Apetece-me mesmo começar a vida agitada do jornalismo. Acho até que no meu caso, a agitação e a ambição pela novidade, são as grandes razões que me levam a crer que estou no curso certo. Quero muito ser lida. Dar novidades importantes às pessoas. Ter acesso privilegiado aos locais, às pessoas que se dizem importantes num país, quero conhecer Portugal de uma ponta à outra. Quero presenciar cada sotaque, cada costume e cada tradição. Quero fazer perguntas às pessoas. Mas não estou nada preparada para ser chata, como o bom jornalista deve ser. Sou chata, mas não para todas as pessoas. Chata no sentido de perguntar e querer saber tudo. Também queria experimentar pelo menos uma vez na vida, um cenário inóspito. Que me fizesse sentir medo. Talvez seja uma ideia meia suicida, mas gostava. Não excluo essa possibilidade. Entretanto, está um belo dia de sol lá fora. Gosto do sol. O sol traz vida. Faz suar, faz ter vontade de água fria...torna as pessoas mais bonitas. Mais bonitas porque para além de se bronzear a pele, as roupas de verão são mais bonitas e diversificadas. No verão pode vestir-se calças, calções, vestidos, saias e até casacos, caso haja mais frio à noite. Vá, sem grande interesse esta minha constatação. Estou mais leve hoje. Pelo sol? Talvez. Ah, tenho dormido bastante bem nos últimos dias. Acho que a culpa também é do sol. Porque no fim do dia, estou cansada e sem líquidos (que libertei ao longo do dia com o suor) e é quase só preciso deitar-me em cima de uma cama. Mesmo bom. Gosto de dormir bem, acordo com outra vontade. Talvez seja hoje que compro a bicicleta. Gostava. Se sim, com certeza vou descrever esse momento aqui.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um funeral à chuva e uma Letícia chuvosa

Fui ao cinema. O filme fez-me rir e sorrir. Fez-me lacrimejar. Fez-me ter o mesmo sentimento de perda ali representado. Tocou-me. Feriu-me porque passei o filme todo a desejar que alguém estivesse ali do meu lado. A sorrir também. A trocar olhares cúmplices. Aquele era um filme para ver sozinha ou com esse alguém. E a Sara que me desculpe. Saudades, melancolia…tudo parece ser motivação para eu me sentir assim. Durante o caminho para casa, vim sempre a pensar no mesmo. Falar-lhe do filme. Pouco porque sei que ainda não o viu. Mas partilhar o facto de ter gostado. Partilhar tudo e qualquer coisa. Sinto muitas vezes essa necessidade. E tanto desejei que apareceu. Paraste e falaste. Eu fiquei bloqueada e instintivamente entrei no GA. Mil pensamentos aconteceram naqueles breves momentos até chegar a casa. Maus, bons, não sei bem. Agora estou aqui, a ouvir a música. A tal música. A que tem marcado estes dias. Perguntas, dúvidas…tudo se mistura na minha cabeça fragilizada. Tento pensar que está noutra, apaixonado por outro alguém que não eu, mas ao mesmo tempo não acredito muito nisso. Acabo sempre por pensar que se eu fosse a tal, as coisas teriam sido diferentes. Haveria sofrimento, momentos de fraqueza e um dia iria voltar. Mal saí do carro e o meu coração disparou. A respiração alterou-se e permanece assim até agora. Como é possível as pessoas chegarem a este ponto? Como é possível eu ficar assim? Não sei. A sensação que tenho é que nunca vou conseguir superar o vazio. Muito menos preencher. Já agora, o filme era o “Um funeral à chuva”.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"Quem comanda o mundo?"

O teu bem faz-me tão mal. Um verso da Canção ao Lado dos Deolinda. Estou a desfrutar dessas relíquias musicais que os Deolinda proporcionam. Hoje já não me sinto triste. Até me ri bastante. Senti o ar da noite. As pessoas na rua parecem andar todas a comemorar algo. Euforia é o que ouço daqui. Não sei se são os festejos do final de ano, mas a mim parece-me cedo porque na segunda-feira ainda tenho um teste. E ainda há exames para os mais festivaleiros. Normalmente é mais para esses. Bem, ainda há pouco escrevi. Mas hoje apetece-me. Amanhã é feriado religioso. Amanhã é dia de corpo de Deus. Com letra maiúscula. E isto agora fez-me lembrar dum facto. Dois. No espaço de duas semanas fui abordada na rua por duas senhoras de idade avançada. Que me queriam ao certo, não sei. Fixei apenas uma das frases que uma delas proclamou muito convictamente “O Mundo está nas mãos de quem?”. Na altura apeteceu-me responder que estava nas mãos do Obama, mas depois achei que seria uma resposta muito impensada. Na verdade, não estava à espera que me parassem na rua para me entregar papelinhos que falam de Deus ou de alguém incógnito que vive nas sombras. Nem na segunda vez eu estava preparada. Ela fez a pergunta, mas depois percebi logo que não era para eu responder. Era só para parecer uma coisa mais interactiva. Com perguntas e tudo. É como quando se pergunta se está tudo bem. Não se pergunta, afirma-se e a vida tem seguimento no instante a seguir. As duas senhoras tinham um ar afável e trataram-me por menina. Uma delas desejou-me boa sorte para os estudos. Nos dois casos, tentei olhar minimamente para o papelinho que entretanto me havia sido entregue. Após seguir o meu destino, tentei manter o pequeno presente nas mãos para não denunciar o meu óbvio desinteresse. Em questões religiosas, o meu desinteresse supera qualquer ateísmo ou religiosismo fanático. Já fui à missa algumas vezes. Ultimamente não faz parte da minha rotina domingueira. Ir lá não acrescenta nada ao meu dia. Há quem diga que estar na Igreja dá uma certa paz interior. Essa paz interior encontro-a no contacto com a Natureza quente e não num local que tem cheiro a velhinhas devotas. É um sítio que me parece completamente sem vida. Se é lá que Deus mora, então Deus é um ser muito parado. Aborrecido até. O melhor das duas vezes em que fui parada na rua é que em ambos os casos fui surpreendida pela rapidez com que fui despachada. Eu tinha ideia de que essas coisas eram mais elaboradas. Com grandes discursos ensaiados. O que me foi dito era claramente ensaiado, mas era pouco. Talvez andem a ter em conta a idade já alongada dos recrutados para tais tarefas. De qualquer maneira é estranho e fico sem saber o que fazer. O melhor e o suposto é eu ficar calada. Nas duas vezes, notei também que apesar de estarem aos pares, homem e mulher, era sempre a mulher que falava. Deve ser ainda aquela ideia salazarista de que os sexos não se misturam e os meninos têm aulas com um professor e as meninas com a professora. E lembrei-me agora que ontem a entrar para o estádio também havia separação. Mulheres revistavam mulheres. E eu que já estava mentalizada de que ia ser revistada por um matulão, cheguei e diante de um deles afastei os braços do corpo. Foi então que ele me disse “vá ali ter com a minha colega”. “Ufa”, pensei eu. Depois acabei por ter que entregar o tripé que levava. Se fosse homem, deixava. Assim, mulher, eficiência acima de todos e quaisquer decotes.

Tenho 95 visitas?! Uh!


A partir de ontem, o meu blogue passou a ter um contador de visitas. E eu estou espantada com o numero que aquilo aponta. Sinceramente, não contava com mais de três ou quatro pessoas a lerem o que aqui é dito. Ainda por cima, pouco ou nenhum interesse têm os meus últimos textos. A mim não me interessariam, a não ser que estivesse dentro dos assuntos. Tudo bem que a linguagem lamechas é universal e todas as pessoas entendem mais ou menos o que se passa. Mas mesmo assim. O meu blogue não tem interesse. Eu orgulho-me muito dele porque é meu, mas mais nada. É chato e aborrecido para o mais comum dos mortais.Enfim, mas estou contente, apesar de não fazer muita questão que o espaço seja do conhecimento geral. Há pessoas que eu não queria que lessem. Por não gostar delas ou por achar que a minha vidinha não lhes diz respeito. Mas quem tem blogue sujeita-se. E se não quisesse leitores, escrevia um diário. O fundamento da minha escrita é ter alguém que se interesse por ela.Posto isto, vou falar da boca da Manuela Moura Guedes e das orelhas do José Rodrigues dos Santos. Mentira, essa foi só a sugestão da Sara, a minha colega de quarto de há dois anos a esta parte. Vou falar de gelados. Mentira. Hum...amanhã é feriado! Talvez não seja tema de grande interesse. Ah, já sei. Amanhã estreia uma longa metragem que dá pelo nome de "Um Funeral à chuva". O filme inclui muita juventude e conta a história de um grupo de amigos que se reúne após dez anos de separação. O motivo da reunião é a morte de um deles. Eu estou curiosa essencialmente porque foi feito por um ex-aluno da UBI(Universidade da Beira Interior) e isso é-me próximo. Entretanto fiz uma pausa neste assunto e fui tirar umas fotos. Fui não. Fiquei. A Sara tem uma reportagem sobre depressão e eu estive a servir de modelo em nome dessa causa. Não que eu esteja deprimida! Estou é morena e as pessoas morenas parecem mais deprimidas. Mentira. Fui eu porque sou o que está mais à mão. E para provar o sucedido, vou até mostrar uma das fotografias. Uma das coisas que mais gosto é ter muitas fotos em que vou poder mexer. Gosto de mexer. De abrir o Photoshop e brincar. Gosto muito. Não sei grande coisa daquilo e não exploro muito onde não sei. Mas o que sei parece ser suficiente para gostar. Gosto quando de uma fotografia banal se consegue algo bonito de se ver. Os grilos. Os grilos cantam lá fora e só me parece que já é Verão e estou em casa, num daqueles dias aborrecidos em que nada se passa. E como não se passa nada, ouço os sons mais ocultos, que parecem não existir nos dias mais agitados. Já bronzeei um pouco. Deve ter sido na bancada do Complexo desportivo onde estive um bom bocado. Ontem tinha um decote um pouco mais abusador do que o normal. Devo dizer que é engraçado cruzar com um ser do sexo masculino quando se está numa condição mais "arejada". Notei que a tendência é uma fuga do olhar para lá. E se isso acontece comigo que não sou propriamente a Pamela Anderson, imagino com o resto das mulheres. Até me senti um pouco privilegiada.Os seguranças no estádio sorriam e um deles até perguntou se o jogo valeu a pena. Penso que o mais comum é manterem-se sérios como se de estátuas se tratasse. É o mais habitual. Não se pense que há aqui um ego em alta. Até não. Estou mais magra e não gosto. Sei perfeitamente que um decote é sempre um decote. Até eu olho se vir um que abuse a passar à minha frente.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Hoje tropecei e tive que escrever

Hoje a única forma de conforto é a escrita. O silêncio e a escrita. Só eles sabem ser meus companheiros de todas as horas. Mais nada. Mais ninguém. Foi um dia psicologicamente cansativo. Estou cansada dos dias. Estou farta da rotina de mais um dia. Os grilos ou alguns bichos do mesmo género fazem-se ouvir por entre as janelas abertas do quarto. O calor nocturno de Verão regressou. Voltaram com ele os mosquitos. Só tu nunca mais voltarás. Só eu nunca mais voltarei. Anoitece. Amanhece. Um dia termina e o outro começa. Sucessivamente. Sem que o mundo pare e espere por mim. Solidão. Mais um dia de solidão. A sensação que por vezes tenho é a de que ninguém nota muito a minha ausência. Sou peça facilmente descartável. Pouco conveniente. Não sei. Sou uma pessoa por natureza defeituosa. Sou impulsiva, costumo ser directa, não costumo dizer olá às pessoas pelas quais não nutro especial simpatia, não sou propriamente sociável e amável. Sou reservada e poucos são os que me conhecem verdadeiramente. Quase ninguém sabe da existência deste blogue e também não faço questão disso. Nem mesmo a minha irmã saberá que escrevo aqui. Eu sou melhor a escrever do que a falar. Posso encadear melhor os pensamentos e não sou traída pela emoção da presença física. Música dos Queen. Barcelona. Gosto muito e está agora a passar na Rádio. Músicas. Gosto de chorar ao som de algumas. Das que me tocam no ponto sensível. Nunca chorei tanto ao som de músicas. Nunca chorei tanto. Ponto final. Dói-me saber que és feliz sem mim. Que provavelmente não estás a sofrer e que vives a tua vida. Fazes-me falta. A tua companhia é insubstituível. O teu sorriso não é superado pelo sorriso de mais ninguém. Os momentos que passei contigo não se apagam com uma borracha. Não sei o que fazer com este amor que teima em permanecer, apesar de toda a mágoa. Sem ti o mundo parece ter deixado de ser redondo. O meu mundo é formado por uma linha recta que terei de percorrer. Pode parecer que não, mas é inevitável eu ter desabafos destes. Podia fingir que está tudo normal e fingir que contigo ou sem ti dá no mesmo. Mas não. Não dá. Não estou a sugerir nem a pedir nada. Estou apenas a dizer. Porque se não disser, a noite não me deixará dormir. Há dias prometi-me ser feliz. A promessa continua de pé, eu é que hoje tropecei. Tenho saudades. Tenho muitas saudades do passado. Fizeste de mim um ser completo. Deste-me segurança. Deste-me confiança. Deste-me altura. Despertaste-me para temas e assuntos. Acolheste-me nesta Covilhã que hoje não me deixa sarar a ferida. Amaste-me com os olhos. Hoje em dia tenho o vazio que tu deixaste. Muita mágoa. Muitas lágrimas soltas por conta própria. E muito amor que fica guardado comigo. Gosto de ti.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Copa Aleixo

Com o Aleixo fazem-se coisas espectaculares. Com o simples se fazem humor e caricaturas plenas. Caricaturas essas que são fisicamente obsoletas (nalguns dos casos), mas com uma densidade psicológica que nos é com certeza próxima. Quem não tem um Busto, um Renato, um Nelso ou um Bussaco na vida? Todos teremos. Não estão é tão exageradamente detalhados. Gosto do sotaque, do modo de falar, da entoação e do tom de superioridade do Aleixo. Acho muito digno o Bussaco dizer asneiras e tenho-o como uma boa representação de um certo tipo de homem. Gosto dos momentos de pausa. Gosto da representação dos broncos tida pela personagem do Nelso. O Busto vale por ser o esperto que chateia e que ameaça um pouco a liderança do Aleixo. O Renato é um absurdo humorístico. Sem direito a descrição. Basta que abra a boca e humor acontece. Todos eles me fazem rir e sorrir. Gostei particularmente deste porque o Renato elege como destinos de sonho Londres, Barcelona, Berlim e Amesterdão. Cidades que também são da minha eleição. Depois porque o Nelso pensava que a Holanda ficava na Alemanha. Ah, ele chama-se mesmo Nelso, tal como o avô chama ao neto Nelson lá na aldeia. Muito bem feito. Estupidez utilitária. Gosto.

domingo, 30 de maio de 2010

Divagar é bom

Hoje fui ver um treino da selecção. Fui munida com a minha Canon 450D e com uma tshirt amarela que pouco tem a ver com as cores da selecção. Fui de boleia, o que veio mesmo a calhar porque hoje esteve quente. Bastante quente. Hoje foi um daqueles dias em que uma piscina vem ao nosso balãozinho do pensamento. Uma piscina azul e brilhante, mas ainda assim, fria. Continuando. Chegámos, vimos os jogadores algures no meio do relvado, isto porque hoje vieram escolinhas de futebol um pouco de todas as cidades dos arredores da Covilhã...e pronto. Foi basicamente isso. Numa das fotografias que tirei, tenho a leve sensação de que o Cristiano Ronaldo posou para mim. Fazendo zoom, nota-se o seu olhar em direcção da minha lente. E eu até levava os meus óculos de sol. E eu com os meus óculos de sol, não há Gemma Atkinson que chegue para mim. E esta conversa que roça o vulgar para quê? Para dizer que talvez isso tenha sido o ponto alto de me ter deslocado ao complexo desportivo da Covilhã. Não foi! O momento alto foi o gelado que comi. Daqueles dos carrinhos com guarda-chuva. Sol. Guarda o que se quiser. Mas a certa altura ainda pensei que teria de travar uma luta corpo a corpo com uma senhora que não gostou que eu chamasse mal educadas às filhas. As filhas eram duas daquelas típicas pitinhas que são levadas pelas mães a ver os Tokio Hotel e que não são abençoadas por uma geração que as beneficiou. Mudando de assunto.Eu devo dizer que gosto do Simão. É atraente. Como ele, atrai-me o Manzarra e um senhor que costuma chegar de mota à Universidade da Beira Interior. Espero que ele nunca leia isto (deve ter bastante mais que fazer). Este último de que vos falo, é professor. Deverei ter aulas com ele no próximo ano. Dá pelo nome de Canavilhas e esbanja charme à sua passagem. Usa All Star pretas conjugadas com calças de ganga e blaser, usa pele morena todo o ano, tem um sorriso atractivo e além disso é professor. O que já por si só é um cliché de fetiche. Não, não estou propriamente apaixonada. Mas se me chamar para andar de mota, eu aceito. Até porque gosto de andar ao vento e já não o faço desde que a minha KTM 690 foi para a sucata. O Nilton também tem alguma coisa que me agrada. Talvez os óculos. Quando fui escolher os meus, ia com a ideia de que fossem como os dele, mas depois fiquei-me logo por uma das primeiras sugestões. Enfim. Não era sobre isto que queria falar, mas assunto puxa assunto e acabou nisto. Ah, no fim, um rapaz de calções a meio gás(daqueles que nem são calças nem calções - detesto!)disponibilizou-se muito simpaticamente para fazer chegar uma bandeira que levava, aos jogadores. Parece que há ali contactos privilegiados. Para que quero eu uma bandeira autografada? Não sei. Não encontro uma explicação razoável. É que para mim, algum do fundamento dos autógrafos está no facto de posteriormente me poder gabar que estive com a pessoa mítica que assinou. Mas o rapaz ofereceu-se e eu achei uma boa ideia. Levava calções e senti o sol quente a corar as minhas pernas. Foi bom. Escusado é dizer que a minha relação com os estudos está estranha. Vou ter teste e estou só a inventar coisas para fazer. Mas eu sempre fui meia preguiçosa para esse tipo de obrigação e é sempre o que se diz "tu safaste sempre". Modéstia à parte, nem eu sei como me safo tão bem às vezes. Por breves momentos dá-me a sensação de que sou por natureza dotada de inteligência. E capacidade de desenvolver pensamentos. Como agora, era só para dizer que o Ronaldo posou para mim e acabei por falar do professor Canavilhas. Quem quiser conhecer, ele anda pelo Facebook, mas cuidado porque a realidade é sempre diferente daquela que o Facebook mostra.

Não sei fazer parágrafos aqui

Fui aconselhada a fazer parágrafos nos meus textos. Na minha opinião foi um conselho pertinente. Em bom português fazem-se parágrafos para o leitor ter uma pausa e respirar na leitura, também se fazem para fazer um corte entre assuntos diferentes ou ligeiramente diferentes e fica talvez esteticamente melhor. É só vantagens. Já tentei, mas ficam como no último texto. Aproveito para dizer que pretendo meter um contador de visitas aqui, e quem quiser comentar, falar mal, fazer uma declaração de amor ou criticar o meu pessimismo, que faça o favor. Não sou esquisita e sou uma pessoa que gosta de ler e saber o que se pensa. De mim principalmente. Também não há risco de serem feridas susceptibilidades, porque estou anestesiada. Quem achar que tenho futuro na escrita, que me diga. Faz mesmo bem ao ego.

Sentimento errado de posse

Sempre fui um pouco possessiva em relação a certas coisas. Não gosto de emprestar a minha máquina fotográfica, não gosto de usar roupa emprestada ou de emprestar roupa, entre mais uma ou duas coisas que não gosto de partilhar. Tudo coisas materiais. Mas nem todas. Não me importo de emprestar um creme, uma caneta ou uma pen.
Por esses objectos não nutro uma particular relação de posse exclusiva. Mas nem só de materiais se trata. Não gosto de dar coisas de que gostava muito, não gosto de perder coisas de que gostava muito, não gosto de ver essas coisas a serem usadas por outras pessoas. E depois ainda há aquelas pessoas que te estragam o que é teu. Porque sabem que não é delas e então não se preocupam com o estado em que deixam as coisas. É mais ou menos isso.
Mas a minha visão possessiva das coisas não é a correcta. Por um lado, que interesse têm os bens materiais para além do uso prático a que estão destinados? Para nada. Para que serve uma máquina fotográfica para além de tirar fotos? Pode servir para fazer amizades. E eu, a pensar desta forma anti-partilhadora, não farei amigos, nem amigas. Que chatice que é. A começar por aí, estou errada. E a roupa? A roupa é quase toda igual. Se alguém vestir a mina, quem irá notar? Ninguém. A roupa de uma rapariga vulgar vem toda da Bershka ou arredores.
Relativamente aos bens imateriais, são reutilizáveis e tal como na reciclagem, vão parar às mãos de outro alguém qualquer e eu não tenho que me preocupar com isso. Vai ter nova vida. Uma garrafa volta a ser cheia, alguém a bebe e tudo recomeça de novo. É o ciclo da vida. As coisas têm um tempo e um espaço e mudam, renovam-se, podem ganhar novas características. E reciclar dizem que é bom para o ambiente. E agora que reparo, fiz uma analogia para explicar o que se passa com os bens imateriais, referindo-me à pura materialidade dos objectos reciclados. Talvez isto seja um pouco de menosprezo pelo imaterial.

sábado, 29 de maio de 2010

Melhor adormecer de sempre

Na noite passada tive o melhor adormecer de todos os tempos. Depois de uma tentativa falhada de preenchimento das inscrições online à bolsa de estudos, eu e a Maria decidimos fazer cinema. Fizemos pipocas do LIDL (salgadas amanteigadas), fomos para o quarto dela, eliminámos qualquer vestígio de luz e lá metemos o filme a dar. A mim não me interessava propriamente o filme, queria estar acompanhada e não me apetecia estudar a Linguagem dos Média. Também estava interessada nas pipocas. As do LIDL são as minhas preferidas. O filme era o Lua Nova. O segundo. Eu não vi o primeiro, mas também me pareceu que não fosse relevante. A Maria ia explicando o que eu pudesse não perceber. As pipocas ficaram a meio, o filme também. Dei por mim a fechar os olhos. A fechar e a abrir como que por obrigação. Não me parecia nada bem estar a deixar que os olhos fechassem a meio da sessão. Mas aquilo tudo deu-me sono. Grande receita para adormecer. Percebi que o filme era de vampiros, mas essa ideia já a tinha vagamente. Quando acabou o filme a Maria acordou-me e eu muito sonâmbula lá me arrastei até ao meu quarto. Com os olhos meios abertos ou meios fechados (dependendo do ângulo de visão), lavei os dentes e como de costume quase fiz da pasta de dentes uma espuma para a barba. Limpei-me na habitual toalha branca e caí na cama. Eu estava pesada. Não houve oportunidade para reflexões. Foi um regresso ao passado das noites bem dormidas. Amanheceu e eu acordei como uma alface verde. Cheia de vida e com vontade de levantar. Liguei o MSN e estava lá a Raquel. Disse-lhe: “a partir de hoje vou ser feliz”. Não me perguntou porquê, mas aproveito agora para dizer. Vou ser feliz porque adormeci com naturalidade. Dormi bem, não me lembro de ter sonhado e acordei cheia de vontade. Foi por isso. Mas o dia tinha apenas começado.

As imagens são armas que ferem...

ACORDEI. Pensei mais uma vez em tudo. A vida às vezes pode ser um tempo e um lugar difícil de habitar. A Internet pode ser um punhal. Uma imagem fere. Fere muito. Uma imagem vale mais que dez batidas na parede. Ao mesmo tempo, eu pareço andar sempre à procura dessas imagens que me ferem e me deixam em estado de decomposição. Eu sei, a culpa é minha. Quem me manda procurar pelas imagens que eu sei perfeitamente que vão estar lá? E que sei do seu efeito devastador em mim. Às vezes sinto pena de mim. Sempre tão compreensiva ou sempre tão receosa de dizer aquilo que penso com as palavras com que o penso. Tenho pena de mim por ser fraca. Por não encarar os factos como eles são. Sem rodeios, sem versão romântica das coisas. As imagens. Busco por elas e tenho sempre o que procuro. Parece que me habituei ao ritual sadomasoquista de tentar ver as coisas e não me importar com elas. Ao mesmo tempo, ter choques de realidade que me façam seguir em frente. Mas não fazem. Só me minimizam. Só me enfraquecem. Não sei onde isto me levará. Sei que a melhor resposta seria pagar tudo na mesma moeda. Mas eu não funciono por vinganças. Funciono por idealismos cegos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Músicas que marcam...

Eu participo num programa de rádio da universidade. Chama-se Cinemania e entra no ar todas as sextas, às duas horas já passadas. Amanhã será o penúltimo programa. E sou eu que vou comandar as operações por lá. Posso dizer que foi uma boa experiência. Tenho perfeita consciência de que não foi o melhor programa de rádio de todos os tempos, que a minha voz não é propriamente a voz da Ana Galvão ou da Carla Rocha…mas gostei. Às vezes chegou a ser o ponto alto da minha semana. Dancei por lá, engasguei-me com os nomes em inglês, falei de filmes que marcaram já a minha existência, passei a música que costumo ouvir (quase todos os programas contaram com uma música de Lily Allen), falei na rubrica Pó de Arroz e fiz mais algumas coisas que agora não me recordo. Apeteceu-me falar de uma coisa boa hoje. Para não se pensar que aqui apenas mora um cadáver ambulante. Amanhã vou levar uma música especial para dar a conhecer. Fala de uma relação que acabou e tem uma frase que eu fixei logo desde o início “tu sabes que eu não queria bem o fim”. É uma música que gosto de ouvir, que me alivia de certo modo. É uma música que reproduz fielmente o meu estado presente. É a música que vai marcar este momento da minha vida. Sim, porque eu associo as músicas aos momentos. Hoje ouvi uma “Rudebox” e associei-a logo a uma noite passada na piscina e a um portão de saída pelo qual não voltarei a sair. Essa música marcou um bom momento da minha curta vivência. Gostei de a ouvir, apesar de a ouvir sozinha. Só para mim. Pensei no seu significado só para mim. Parei e ouvi. Balancei um pouco o corpo porque a música pede. Mas apesar dos resquícios de solidão e saudade, gostei de a ouvir. Há ainda outra que também me traz boas recordações “She’s the one”, e era mesmo a número um. Era. Robbie Williams predomina.

Barcelona...a luz ao fundo do túnel.

É quase meio-dia. Lá fora nem há sol nem há chuva. Um pouco à semelhança do que acontece comigo. Ultimamente o meu cérebro insiste em exibir uma imagem mental que me está a chatear. E há imagens tão bonitas que ele podia exibir... só que neste momento estão num lugar distante e perdido.
Hoje tenho um teste de Fotografia para fazer. Estou completamente despreocupada. Ou desinteressada, não sei. Mas não costumava ser assim. Costumava estar ansiosa e preocupada com os testes. Agora não sou bem a pessoa que costumava ser. Talvez neste aspecto até seja uma vantagem. Costumava ser empenhada. O meu empenho parece agora não ter motivos.
Estou a ouvir a Rádio da universidade e já é a segunda música seguida que fala de sexo. Uma era do Pedro Abrunhosa e outra da Susana Félix. Não sei exactamente o contexto, mas a palavra faz eco.
Como dizia, estou despreocupada. Parece que não há lugar para esse tipo de coisas que eu pensava serem primárias. O meu sistema digestivo também parece estar mudado. O gosto da comida ficou sem sal e sem açúcar. A comida já não me dá momentos de felicidade. Como por obrigação. Também tenho preguiça de cozinhar e a cantina de Santo António passou a ser um lugar marcado. Todos os lugares parecem estar marcados por um ponto negro. Aqui na Covilhã. Há talvez um que não. Ainda não. Nesse lugar sente-se uma leve brisa, o fresquinho da relva e o quentinho do sol. Lá tenho os meus momentos mais felizes dos últimos tempos. Lá posso ser eu porque ninguém está lá para julgar as minhas atitudes…nem eu própria as julgo. Ali, naquele local, o mundo parece sempre um lugar melhor.
Em Setembro vou ter oportunidade de estar onde nunca estive. É bom em muitos aspectos, mas o principal de todos eles é o facto de eu não ter recordações daquele lugar. Nem boas, nem más. Serei eu a descobrir, sem correr riscos. Vou para Barcelona de ERASMUS. Vou sobretudo tentar acabar com este capítulo desastroso da minha vida. Vou voltar a ser feliz quando usar uma peça de roupa nova. Vou ser feliz quando notar que tenho a pele mais morena. Vou ser feliz na areia da praia. Vou aprender a ser auto-suficiente no que respeita ao ser feliz. Vou voltar a valorizar os meus princípios. Vou voltar ao egocentrismo que nunca devia ter deixado para trás. Tenho vinte anos e depois de tudo isto terminar, e segundo a esperança média de vida, tenho ainda uns bons anos para encontrar um lugar para mim. Um porto seguro que me saiba acolher e amar. Que não tenha medo de o fazer, nem vergonha de o mostrar. A vida está para ser vivida, assim como uma caneta está para escrever. Com essa caneta, muito vai ainda ser escrito.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Racionalidade irracional

Hoje é um daqueles dias em que sei que escrever me fará bem. Não acho que tenha algo de muito interessante para dizer, mas é uma necessidade. A minha capacidade de resistência tem vindo a ser testada. A minha racionalidade também. A pouca racionalidade que me resta. Porque o que nos distingue dos animais não é a racionalidade. Essa, quando é testada no seu limite deixa de ter lugar para dar esse lugar à emoção. O Homem não é de longe muito diferente do animal. Isso nota-se em muitas coisas. Nas reacções a quente e por instinto, na sexualidade... são essas duas coisas que me ocorrem por agora. E já englobam muitas situações possíveis. Na minha opinião, é nas emoções que nos distinguimos deles. Nas verdadeiras emoções. No sentir. No sofrer. No amar. Na saudade. É nos afectos mais profundos que nós Seres Humanos ou pessoas somos diferentes dos nossos amigos de quatro patas. Quatro patas em geral. Emoções essas que paradoxalmente nos levam muitas vezes à tal irracionalidade dos animais. A complexidade das emoções apaixona e leva ao amor, mas corrompe, transforma, destrói. Quem se meter nessa rede e for pescado tem a minha solidariedade. Mas tem também a minha admiração. Não serão todas as pessoas que já sentiram a força de uma verdadeira e arrebatadora emoção. Talvez o texto não seja pleno na clareza. Isso é só uma parte do espelho que decora a minha mente. Estou triste. Estou apenas e só triste. A emoção que agora se adequa ao meu estado não tem nome. Afinal é muito mais do que tristeza. Manifesta-se na falta de vontade de dormir, estudar, mexer-me desta cadeira desconfortável e de fazer tudo o resto a que me obrigarei a fazer. Dia após dia. Mês após mês. Ano após ano. Até ao fim da minha passagem pelo mundo. Espero nunca mais voltar a amar, para nunca mais voltar ao ponto onde me encontro. Esse ponto não é o final. É um ponto dos três que formam umas reticências duvidosas.

domingo, 23 de maio de 2010

Casinha de bonecas demolida...

Em Outubro a minha vida começou a desmoronar como se de uma casa mal construída se tratasse. Apesar de alguns percalços e choques de realidade, a minha infância foi feliz. Tinha e tenho dois irmãos quase da mesma idade que eu, um pai, uma mãe, uma casa e sobretudo um lar. Porque casas há muitas, lares é que não se encontram em qualquer casa. Na minha infância havia risos e sorrisos. Havia birras, havia “batatada” entre irmãos, havia casinhas de bonecas na creche. E como eu gostava dessas casinhas de bonecas. Dentro delas eu imaginava a minha vida perfeita de adulta. Cresci e agora só me apetece voltar para aquelas casinhas de bonecas e viver na perfeição do imaginário. A minha infância está povoada de boas recordações. Os Domingos passados à beira do rio Côa, com a grande família reunida. Avó, tios, tias, primos e primas. Água, brincadeiras, diversão e comer com a toalha posta no chão. Grandes melões e melancias. Fins de tarde com sabor a pouco. Cheiro na pele da água do rio. Dias agitados que ficarão para sempre guardados. Os anos passaram e as reuniões foram ficando distantes até se apagarem por completo. A família foi perdendo alguma daquela união. Em Outubro tudo isso culminou num triste episódio. Escusadamente triste. A partir daí, senti que as coisas tinham mudado. Pessoas importantes na minha vida, deixaram de marcar presença nela. Uma dessas pessoas, o meu tio; deixou de ir todos os Sábados lá a casa, como era costume. Deixou de levar o seu atípico humor. A sua ausência faz-se sentir. É difícil conjugar numa pessoa o humor, a honestidade, a sinceridade frontal e a generosidade. Esse meu tio é muito especial, embora não o seja declaradamente. A par dele a minha tia que é uma pessoa tipicamente amável. Os meses foram passando e o Natal chegou. O Natal chegou mas o espírito natalício não me assaltou. Nem sequer me intimou. Foi um Natal sem cor, sem aquele quentinho habitual. E o Natal tem que ser quentinho e aconchegante porque era nesses Natais que eu era feliz. Mais meses se passaram e mais tijolos cederam. A minha casa deixou de ser a minha casa. A casa onde eu aprendi a andar, onde caí, onde aprendi as primeiras palavras, onde eu dormi tantas noites e onde repousavam todos os meus haveres…tudo isso deixou de existir na sua essência. Os meus pais separaram-se. A tudo isto seguiu-se uma profunda reflexão e muita dor. Uma dor que nem no pior cenário alguma vez por mim imaginado a respeito de uma situação assim. Posso dizer que passaram quase dois meses, desde que todas as mudanças ocorreram e não há uma noite em que não seja visitada pelas famosas gotas salgadas. Apesar de todos os apesares é tudo muito sufocante. No meio de tudo isto, sofro pelo sofrimento e solidão do meu pai, pela magreza e olhar sempre triste da minha mãe e sofro cada vez que regresso àquele local sem vida que um dia foi o meu lar. O resto do mundo pouca importância tem no meio de tudo isto. Para acabar com tudo o que pensava restar, o amor da minha vida parece ter deixado de o ser. Fiquei entregue a mim mesma e à minha capacidade de resistir. Resistir aos lugares onde antes fui feliz e agora me fazem choramingar de saudade ou melancolia. Resistir ao descontrolo do coração e até da própria respiração. Resistir à vontade de desistir da felicidade. Como consigo levantar todos os dias? Às vezes não sei. Outras vezes levanto-me para não pensar tanto nas coisas. Há outras vezes em que me levanto porque tenho calor na cama. Em pouco mais de meio ano aquilo que era deixou de ser. Só um restou o mesmo de sempre: O Rafa, o meu anti-depressivo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Não sei que título dar a isto

Hoje é dia 21 de Maio de 2010. São 02:11 no relógio do meu computador. Eu estava mentalizada de que iria adiantar bem um trabalho de fotografia e enganei-me. Não adiantei nada e agora sinto que o cérebro já não consegue funcionar lá muito bem. Metáfora! A isto chama-se metáfora ontológica. E onde está a metáfora? O cérebro não é uma máquina que funciona ou deixa de funcionar. Não avaria, nem está enferrujado como também se diz. Como descrever as actividades ou estados do cérebro? Não sei muito bem. E é essa a grande particularidade de certo tipo de metáforas, não se entendem como tal por estarem já assimiladas inconscientemente no dia-a-dia. Ah, e isto pode não ter sido algo dito ao acaso. Eu queria era ensinar-vos coisas para dar a ideia de que sou inteligente. E sou! Pois bem, trabalho de Fotografia fica para amanhã. Enquanto andava a ler sobre coisas de quem sabe, encontrei a frase “estou sempre a fotografar tudo mentalmente, para praticar” de Minor White e identifiquei-me com ela. É que dou muitas vezes por mim a fazer recortes de imagens que aparecem no meu campo visual. E penso: “se a máquina estivesse aqui pronta a disparar, era capaz de sair algo de jeito”. E eu que não acho que a minha vocação mais refinada seja a de ser fotógrafa. Tenho uma máquina e às vezes carrego no botãozinho. Outra que me pareceu interessante e que vai constar na minha frase de abertura do trabalho é uma frase de Nietzsche “Sentir que uma coisa é bela significa: senti-la necessariamente de uma forma errada.” Não sei descodificar isto, mas parece-me bastante profundo. Hoje esteve calor. Parece que o Rock in rio vai começar. Parece que em Setembro a minha vida começa mais cedo. Estou a perder qualidades. Será que algum dia vou escrever para milhões de pessoas? Se sim, tenho que combater esta falta de substância. Bem, o dia 21 de Maio de 2010 já dura há duas horas e trinta e dois minutos e eu vou mas é ver se os sonhos me visitam hoje. Visitar e ficar na memória, Se valerem a pena. Boa noite. =)